domingo, 11 de setembro de 2011

(Re)Viver

Bem... Depois de muito pensar... Muito insistir comigo própria... Decidi que está na altura de acabar. Foram longos momentos de amargura e felicidade partilhados em simples teclas, em simples palavras. Mas, passado é passado, e "O passado é uma lição para refletir, não para repetir!"... Queria só, para finalizar, partilhar algumas citações que fui recolhendo aqui e ali, nas situações que mais marcaram a minha vida... Porque há palavras que conseguem, muito melhor que um olhar ou um gesto, descrever um momento, ainda que mudas... Ainda que guardadas, merecem ser recordadas de vez em quando. Porque não significa que, por tantos momentos de complicações e máguas, não tenhamos o direito de refletir, e corrigir (ou pelo menos tentar) alguns dos muitos erros cometidos. E é por isso que guardei estas frases que se encaixam em muitos momentos do passado... Cá estão algumas delas:

"Pára de sentir falta de quem nem se lembra mais de ti."
"Eu vou aprender a confiar só em que merece a minha confiança, prometo que vou."
"Não vivas, nem percas tempo com pessoas que não estão dispostas a fazer o mesmo por ti."
"Ela: Descreve uma rapariga gostosa. Ele: Rabo grande, mamas grandes, boas coxas. Ela: Então eu não sou gostosa ... Ele: Mas tu pediste-me para descrever uma rapariga gostosa, não uma rapariga perfeita."
"Não se pede carinho, nem amor, nem atenção, nem tempo a ninguém. Se as pessoas gostarem mesmo de nós, acabam por nos dar tudo."
"Falávamos muito porque o que tínhamos para dizer um ao outro e um sobre o outro não podia ser entendido por mais ninguém."
"Sabes o que é pior do que um coraçao partido? Não te lembrares de como te sentias antes. "
Ficarão guardadas, de maneira a trazerem-me o passado como uma lição aprendida, e um empurrão para um futuro sábio.
E pronto, acabo então este post, despedindo-me de todos, com um beijinho àqueles que tentaram apoiar-me o quanto puderam, e deixo uma pequenina lembrança a duas ou três pessoas, com um agradecimento especial. Elas sabem quem são, por isso:
"Eu por ti / Perder-me-ia no teu pranto / Cantaria o teu próprio canto / Que esta força em mim / Deixaria a ti primeiro / Colher a flor do meu jardim / Eu por ti / Faria ecoar no meu peito a voz da tua dor / Eu por ti / Suportaria a tua fragilidade / E ancorar-te-ia à minha mão / Se fosses arrastado na maré / Eu por ti / Faria minha a angústia que vive em ti / Eu por ti / Entregaria os meus trunfos à tua mão / E por ti sentiria a saudade / Pelo fragor da terra que deixaste."
Obrigada por serem tão especiais, *.* 

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Desta vez vou vencer!

Agarro o infinito. Parece tão verdadeiramente real, parece tão próximo, tão sólido e firme, e num pequeno instante se desfaz como uma névoa de sonho arrancada da mente de um poeta solitário. Julgas-me louca? Já tentaste sonhar? Melhor... Já tentaste sonhar com os olhos abertos? Algum dia conseguiste percepcionar a imensidão de loucura que exploras ao realizar um desejo? Nunca pensaste que ultrapassar as barreiras te desse tanto prazer, pois não? Que te fizesse tão bem...
Fechei-me na minha concha durante imenso tempo... Tempo suficiente para que pudesses observar todos os meus passos, todos os meus gestos, de modo a que pudesses apontar-me o dedo ao primeiro erro, à primeira lágrima em falso. Vias-me chorar, mas ao invés de te aproximares de mim, afastavas-te, como se eu sofresse de uma doença altamente contagiosa, como se pudesses ficar como eu... FRACA!
Repete lá... Fraca? É isso que pensas de mim, não é? Gostaste da sensação de poder? Gostaste de te sentir melhor do que eu? Gostaste de me ver cabisbaixa enquanto te vangloriavas com os sucessos da tua vida? Soube-te bem ouvir a dor da minha alma a desfalecer? Gozaste dessa tua vitória temporária? Sabes pelo menos que isso não foi tua glória? Não me digas... Iludiste-te com esse pensamento? Julgaste verdadeiramente que o mérito era teu? Que tu te estavas a elevar? Lamento, mas eu é que me deixei rebaixar. As minhas forças? Sugaste-as com o veneno da tua inveja, da tua cobiça... A dor que eu senti... Juro-te que preferia elaborar uma máquina diabólica que corroesse as minhas entranhas, enquanto me arrancava os olhos!
Mas isso agora não importa! Nada mais importa! Porque sabes? Para teu pesadelo, estou de volta. Deixei o fundo do poço para me rejubilar na mais alta torre, para te poder olhar do sítio onde eu mereço estar! Sim, porque mereço! E espero, muito, muito sinceramente que tenhas gozado muito bem os teus dias de glória. Porque o meu sorriso não é mais de inocência... Estragaste tudo, já viste? Conseguiste estragar tudo...
E agora... Agora, que Deus me perdoe, mas... Vemo-nos no Inferno!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ensinas tantas coisas!

Tens toda a razão Miguel...

«Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim...do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo...Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...isso vai doer tanto! "Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo...Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!»

Fernando Pessoa



Finalmente começo a entender o porquê das tuas saudades do passado. Porque sem as tristezas e felicidades de um passado, nunca haveria um presente.
Obrigada Miguel.

sábado, 23 de julho de 2011

"Um minuto de silêncio"

Calai
Montes
Vales e fontes
Regatos e ribeiros
Pedras dos caminhos
E ervas do chão,
Calai
Calai
Pássaros do ar
E ondas do mar
Ventos que sopram
Nas praias que sobram
De terras de ninguém,
Calai
Calai
Canas e bambus
Árvores e "ai-rús"
Palmeiras e capim
Na verdura sem fim
Do pequeno Timor,
Calai
Calai
Calai-vos e calemo-nos
Por um minuto
É tempo de silêncio
No silêncio do tempo
Ao tempo da vida
Dos que perderam a vida
Pela Pátria
Pela Nação
Pelo Povo
Pela Nossa
Libertação
Calai
-Um minuto de silêncio

Francisco Borja da Costa
Em memória daqueles que lutaram pelos seus, e morreram de arma na mão
A todos eles, um obrigado por não desistirem
A todos aqueles que agora desistem, lembrem-se da desonra que fazem a estes homens

Para todos aqueles que ainda têm esperança...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Dói tanto....

Como é que consegui fazer isto? Como é que cheguei tão longe? Como é que não foste capaz de mo dizer antes? E porquê contigo? Porque não com outra pessoa? Depois de tudo, depois do bem, depois do mal... Tanta coisa que ultrapassámos para chegar aqui, tanta coisa e tantas pessoas! E agora... Consegui estragar tudo, não foi? Ai, que raiva! Mas porque é que eu não aprendo? Estúpida! Infantil! :@
Juro-te que voltava atrás no tempo e fazia tudo diferente... Mas não posso...
Juro-te que não te daria a  mínima razão para te sentires como te sentes... Mas não posso...
Juro-te que falaria contigo antes de fazer o que fiz... Mas já passou...
Pois é... Tudo me atraiçoa! Até o tempo... Mas não tenho o direito de pôr as culpas em ninguém! Porque a culpa é minha e só minha!
Juro-te que gosto muito de ti da maneira que sempre te disse, e desculpa se não consegui demonstrá-lo... Desculpa se fui longe demais... Desculpa se exigi demasiado de ti... Desculpa se te magoei, perdoa-me! Só te peço isso, que me perdoes!
Achas que as coisas ainda podem ser o que eram, ou já é tarde demais?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Reprovaste querido!

Sabem aquela sensação de vontade imensa de chorar? Hoje não a tenho... As minhas mãos tremem, o meu lábio implora por vibrar num movimento desesperado, mas o meu coração diz-me que hoje não vai acontecer! Que hoje tenho de ser forte, e enfrentar esta porcaria de sentimento que me tenta deitar abaixo há já tanto tempo... Estou tão farta de querer tanto e de obter um nada! Estou tão cansada de lutar por uma chama que está apagada! Estou tão farta de ser deixada para 3ºo plano enquanto pobres desconhecidas ocupam tanto do espaço que podia ser meu... Podem dizer que sou ciumenta, mas eu gosto mais de dizer que sou invejosa... Porque ciúme sente-se quando cobiçam algo que é nosso... E neste caso estão a cobiçar algo que eu nem sequer quero, apenas preciso! Não é uma necessidade, e eu estou de plena consciência acerca disso...
Mas passo a explicar a situação, para que não me apelidem de maluca ao quadrado, porque já tenho uma boa dose que chega e sobra para mim... É claro que vou contar uma história fictícia, pois problemas pessoais não são de divulgar assim... Bem... Imaginando... Estão a ver aquele estereótipo de rapaz que só se preocupa com álcool e tabaco, miúdas e sair a noite? Agora acham que conseguem imaginar o contrário? Pois bem, é isso mesmo... Aquele tipo de rapaz que consegue disponibilizar tanto carinho e tanto afeto que parece perfeito... E a verdade é que acabamos por nos afeiçoar a ele de tal forma que nunca aquela imagem dele poderá ser apagada por nada deste mundo... O problema é quando há um passado de desvarias, um passado que nos ensinou que os dois olhos têm de estar bem abertos para não se voltar a cair na tentação. E na realidade, não é difícil manter essa resistência, basta querer, e para isso não é necessário acabar-se com uma amizade tão forte... (Talvez)
Voltando à história... Imaginemos agora que esse mesmo rapaz é querido, simpático e sociável, mas que tem uma característica muito engraçada... Com todas as miúdas que conhece troca números de telemóvel e e-mails. ERRO GRAVE! Pois é... E quem o manda ser tão querido? E ao mesmo tempo tão ingénuo, que não consegue perceber que tudo o que uma rapariga quer é carinho, atenção, e chamadas de uma hora... E aquilo que no início começou com chamadas de uma hora, passa a chamadas de duas e três horas, a palavras como "és o melhor que me aconteceu", ou "és perfeito"... E parece tudo tão divertido que parece não ter importância continuar aquele comportamento, porque afinal, "ela está a gostar, não é? Estou a causar boa impressão...". Ahah, hilariante, não é? Então e quando o rapaz recebe a primeira sms a dizer "Amo-te"? Será que continua a ter a mesma piada de sempre? Não, pois não? Será que as chamadas de duas e três horas vão continuar? Não, pois não? Será que as palavras carinhosas e os sorrisos vão continuar? Não, pois não? Será que a miúda vai conseguir voltar a sorrir como dantes? Aí é que está o grande problema! Não, não vai! Será que algum dia se vai esquecer de tudo o que se passou? Não, não vai... Será que vai querer continuar uma amizade? Melhor perguntar: Será que ele consegue voltar a olhar nos olhos dessa rapariga, e dizer-lhe que tudo voltará a ser o que era dantes? É verdade... A coragem diminui, não é? A rapariga é quem chora, mas o rapaz é quem se acovarda! A rapariga é quem fica uma vida a pensar o que fez de errado, e o rapaz é quem se esquece daquelas lágrimas... É engraçado pensar na vida como um exame... Por muito que lutemos, que fiquemos acordados noites inteiras com os olhos a flamejar e com a cabeça a arder, por muito que paguemos por explicações, nada é certo, e pode sempre haver a hipótese de nunca ter sido o suficiente... E enquanto as nossas expectativas estão num 17, a nossa confiança está no auge e a nossa auto-estima atinge valores inigualáveis, a pessoa que tem o nosso exame na mão pensa e repensa como poderá ter acontecido um resultado daqueles. Entrega-nos, e quando olhamos para a nota: "Medíocre"!
Poderá tudo isto ter chegado ao Medíocre?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Não foi uma ilusão, acredita!

Não entendo como pessoas iguais a nós alcançam o nosso coração tão rapidamente. Porque é que a fechadura para eles nunca está trancada? Como é que conseguem tornar-se tão importantes de um momento para outro? E depois, como é que conseguem magoar-nos tão facilmente? As coisas são fascinantes. De tal forma, que nem vale a pena tentar-mos entendê-las.
Às vezes ponho-me a refletir sobre os acontecimentos da vida. Pessoas que desprezávamos, que julgávamos como sendo parvas, fúteis e completamente viciadas numa vida que era o oposto da nossa, conseguem de um segundo para o outro tornar-se conhecidas, no segundo a seguir, colegas, pouco depois amigas, e algumas conseguem ainda tornar-se indispensáveis! E como é fácil desiludirmo-nos com essas mesmas pessoas. Só com aquelas de quem gostamos mais. É impressionante, não é? E o quanto custa perdoar e esquecer... Mas no fundo é a única coisa que queremos! Esquecer para que tudo volte a ser o que era! Mas com o tempo, as coisas nunca voltam ao normal, pelo contrário... O afastamento começa a ser mais e mais notório, até que, algum tempo depois, tudo se resume a um sorriso, duas palavras e um abraço frio de despedida... E damos conta de que já nada é o mesmo, e não conseguimos perceber como mudou tanto... E porque mudou tanto...
Às vezes adormeço a pensar onde é que errei... Porque realmente não consigo ver o problema em si. Só vejo olhares afastados, promessas que nunca foram cumpridas, vontades imensas de nos ver o mais longe possível... E porquê? Não correspondemos às suas expectativas? Surpresa! A vida não é como nós queremos, lamento, e as pessoas não podem mudar em função de uma apenas! Porque é tão difícil adaptarem-se? Porque é que custa tanto? Porque não se limitam a deixar as coisas como eram? Todos erramos, mas porque é que tem de ser sempre o mesmo lado a ceder? Esse mesmo lado um dia vai partir, e aí não haverá mais solução!
Começamos a pensar que tudo não passou da nossa imaginação, e que afinal, todos aqueles momentos foram apenas uma encenação daquilo que queríamos que fosse a verdade! E a nossa confiança vai desaparecendo gradualmente, e a nossa desilusão vai aumentando gradualmente...
Tenho saudades sim, saudades do ontem, e esperança, sim, esperança no amanhã.

terça-feira, 5 de julho de 2011

É fácil gostar de vós..

Hoje, ao contrário do costume, não me vou alongar com descrições imensas, querendo aumentar a beleza de um local ou de uma pessoa. Hoje, vou simplesmente dizer em poucas palavras aquilo que durante 5 dias me fez tão feliz.
Importará o local? Apenas pelo simples facto de que boa parte das gargalhadas foram dadas devido a ele, e isso é o importante.
Importará o tempo? Apenas porque nos permitiu uma bela tarde de praia em união, as mais parvas brincadeiras debaixo de um sol apetitoso.
Importará a companhia?...
Será que há algo que mais importe? Foi uma oportunidade ótima para comprovar mais uma vez a maravilhosa família que formamos. Porque são as nossas personalidades tão divergentes que nos unem tanto! Nunca ninguém se poderá gabar de passar momentos tão bons como os nossos! Nunca! Porque nós... Somos únicos! E por muito que nos queiram impedir, somos ESCUTEIROS!
Obrigada Lobitos pela vossa permanente boa disposição, pela vossa brincadeira e pelos vossos sorrisos que movem multidões!
Obrigada Exploradores pela vossa determinação, pela vossa capacidade de inventar tudo e mais alguma coisa, e pela vossa vontade de vencer que contagia todos os que vos rodeiam!
Muito obrigada Pioneiros pelo vosso companheirismo, pela vossa força, pelas vossas zangas, pelos nossos sorrisos, e sobretudo, pelas nossas lágrimas, que só demonstram o quanto custa estarmos afastados!
Obrigada Caminheiros, pela vossa maturidade, pelas vossas palavras de alento, pela vossa compreensão e pela nossa rivalidade, porque isso só nos faz crescer cada vez mais!
E finalmente, muito obrigada Chefes, por estarem sempre do nosso lado, independentemente dos erros que cometamos, por nos apoiarem quando as feridas são difíceis de curar, por não nos deixarem sozinhos em caminhos que parecem não ter fim, e principalmente, por deixarem as vossas vidas de lado para viverem connosco aquilo que é tão importante para todos nós!
A todos vocês, mil obrigadas por todos os momentos bons e maus. Aos Caminheiros que vão numas curtas férias, um até logo, porque daqui a uns anos, não resistirão em aparecerem por aí como regentes! ;)
Aos nossos Noviços de Caminheiros, um até já, pois não falta muito para mais um passo ter de ser dado por nós, e estaremos aí não tarda!
A todos, um enorme abraço, porque apesar de, por vezes, ser difícil de descrever os nossos sentimentos, o escutismo ensina-nos a libertá-los sem receios, e isso já foi mais do que provado! Adoro-vos a todos, sem excepção!

SENTEM O ESPÍRITO?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Presa por vontade

Vivo!

Estranho a forma como ainda consigo percepcionar os movimentos das aves, os sons da chuva, mas vivo!
Não entendo como consegui prender-me desta maneira a um passado tão fraco, tão insignificante... Assim tanto? Não sei, não vou mentir-te! Não posso afirmar que não me tenha magoado! Magoou sim! Fiquei marcada como um Mustang acabado de domar. Mas não queria ser domada! Não por ti! Não por esses olhos, não por esse sorriso. Mas a minha força desvaneceu-se assim que me agarraste a mão, travando o estalo que queria dar-te! Queria, sim, e tu sabes disso! Mas não me deixaste! Mais uma vez tiveste poder sobre mim, e eu deixei! Sinceramente, não me dei ao esforço de te resistir! Não quando tu sabias o quanto eu queria aquele momento! Aproximaste-te de mim, e uma fraqueza apoderou-se de todo o meu corpo. Baixei as defesas, e foi aí! Como sabias como destruir-me? É impressionante como as oscilações do teu humor me deitaram por terra. Completamente indefesa, completamente destroçada por, mais uma vez, me ter deixado vencer por ti!
Se vou chorar? Não, não vou! Habituaste-te demasiado a ver-me chorar pela mínima angústia. Mas isso mudou. E cada vez vai mudar mais! Chega de ser fraca! Chega de deixar-te rir de mim! A partir de agora, quem manda sou eu! E ali, deitada no chão, apercebi-me de que mais nada nem ninguém, e nem mesmo tu, voltaria a humilhar-me daquela forma! Nunca mais! Porque se ainda não tinha desistido, não foi graças a ti, e sim a mim! Porque eu sou forte, porque eu consigo ultrapassar tudo e todos, e conseguirei sempre! Nunca mais irei olhar-te nos olhos com medo de que me rebaixasses de novo. Amo-te? Se amo... O problema é tu saberes disso, e aproveitares-te desse facto para me fazeres estas feridas tão profundas. Mas felizmente, o antídoto que construí sozinha está, finalmente, a fazer efeito! E tu já não és mais que uma mera esfinge no jardim da minha memória. Fria, rígida, muda! E sabes que nada vai voltar ao que era, não sabes? Sabes que as coisas agora não vão mais estar a teu favor, não sabes? Então porque insistes? Desiste rapaz! Desiste, porque eu já desisti de ti!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um abraço resolve...

Não sei se já to disse... Talvez ainda não tenha tido tempo, ou coragem para o dizer... Até porque não é fácil dizê-lo, não é fácil mostrar-te o quanto gosto de ti! Porque nunca me habituei a fazê-lo... Nunca senti a necessidade de chegar à tua beira e dizer-te que me fazes falta, e que preciso de ti...
Estás longe. Não te julgo por isso, faz parte do teu trabalho, mas tenho saudades de quando estávamos horas e horas a conversar sobre a escola, sobre os amigos, sobre os meus supostos "namorados", que nem se contavam pelos dedos... Do tempo em que eu sabia que não tinha de me preocupar, porque estavas bem, porque eu é que precisava do teu ombro, e não o contrário! Mas sou covarde, e ainda não consegui dizer-te que estou aqui, e que podes contar comigo! Mas tu sabes disso, não sabes? Tu sabes que continuo a ser a tua "pequenita"... Que não vou mostrar-te nunca uma lágrima, mas sim um sorriso, para te ensinar que a vida tem de ser encarada de cabeça erguida e de braços abertos para aqueles que nos querem bem! E eu quero-te bem! Se quero! O meu coração andava tão apertado, que eu nem sabia mais para que lado me virar! A dor era tão grande, e a raiva e o ódio tomaram conta de mim. Explodi! Não suportava mais saber que uma pessoa em quem eu confiava tanto me estava a roubar, aos poucos, uma das pessoas mais importantes da minha vida!
Custou, mas resisti! Determinei-me a lutar, e a pedir muito que tudo voltasse ao normal, e finalmente, uma nova luz deu sinal de si... A alegria voltou a espalhar-se no teu sorriso, e o meu sorriso ganhou um novo brilho! Finalmente voltei a ter-te por perto, disposto a dar-me força, disposto a lutar ao meu lado... Afinal, a vida traz muitas surpresas, e nem sempre são más, não é?

terça-feira, 31 de maio de 2011

Tu e só tu!

Tu, que estás aqui sempre que me lembro que estou mal, e que alguém tem de me ouvir...
Tu, que me aconselhas sempre da melhor maneira...
Tu, que me dás sermões e me passas raspanetes quando faço as coisas erradamente...
Tu, que até hoje nunca criaste ideias prévias, e ouviste-me sempre antes de me julgar...
Tu, que me pedes para eu ignorar o que me faz tanto mal...
Tu, que tentas adivinhar sobre quem são os meus textos...
Tu, que tiveste comigo aquela conversa naquele sítio que será recordado para sempre...
Tu, obrigada por seres tu!

Eu adoro-te, e tu sabes disso!
Obrigada por estares aí sempre que preciso de ti! <3
M.B.S.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Não vou voltar a esconder-me atrás de ti!

Hoje chorei, sim! Chorei pelo que me disseste e pelo que não me disseste. Chorei por não conseguir mais trazer tudo de volta. A amizade, o carinho, a cumplicidade, os abraços, os beijinhos, as riscalhadas no caderno de Filosofia...
Disse-te que me desiludiste... Talvez não tenhas sido tu a desiludir-me. Talvez eu é que me tenha desapontado com a minha falta de capacidade para trazer-te de volta... Para poder reviver aquela frase pelo lado positivo, e não pelo negativo que tem tomado...
Já não sei o que faço bem ou mal, já não sei quando avançar ou recuar, já não sei nada! Não te conheço, não conheço esse personagem em quem te foste tornando ao longo destes dias. E dói! Dói muito saber que, pela primeira vez em tanto tempo, vou ter de avançar sem ti ao meu lado... Já tenho saudades daqueles abraços que duravam minutos, daquelas conversas de horas, dos momentinhos de piadas e de coisas mais sérias... Já sinto falta das vezes em que me escondia para não chorar à tua frente!
Agora... É impossível evitar! Porque tudo me faz falta! Tu fazes-me falta! Muita falta! Não sei se vou suportar um ano assim... Sabendo que tudo já foi tão diferente, e que, por circunstâncias que eu não conheço, e que tu afirmas desconhecer, tudo mudou, tanto, e tão depressa!
Não sei mais que caminho seguir. Estou perdida no meio de um labirinto que não tem fim. Não sei que caminho tomar! Todos eles são tão difíceis, tão cruéis! Não sei se ignorar todas as circunstâncias, e avançar para uma nova etapa. Não sei se esquecer os bons momentos... Mas não quero fazer isso! Não quero, porque gosto demasiado de ti para me esquecer que és meu IRMÃO! Para além de tudo, és meu irmão, e preciso de saber que vais estar aqui, ainda que mudo e calado, mas que vais estar aqui! Por favor, não deixes que a vida tome conta de tudo aquilo que foi tão difícil de construir! Não me deixes a lutar sozinha! Luta comigo! Por favor, luta comigo!

domingo, 29 de maio de 2011

Sim, ainda estou aqui...

Sim, ainda continuo à espera, à espera que tudo volte a ser como era...
Sim, ainda tenho esperança de que tudo não passe de uma ilusão...
Sim, eu sei que os dias são cada vez mais difíceis, mas sabes que nunca desisti, porque foste tu desistir?
Sim, eu prometi que ia esquecer e avançar, mas a verdade é que há coisas que me fazem realmente falta...
Sim, o meu orgulho impede-me de chegar à tua beira e dizer-te que sinto a tua falta, que à vezes preciso de ti...
Sim, continuo do teu lado, a apoiar-te incondicionalmente, apesar de quase nem te aperceberes disso...
Sim, vou continuar aqui se precisares de mim, apesar de nunca estares lá quando eu preciso de ti!
Sim, vou continuar atenta à tua dor, enquanto ignoras a minha...
Sim, vou defender-te com unhas e dentes enquanto te ris de mim na minha fraqueza...
Sim, vou continuar a gostar de ti da mesma maneira, independentemente da distância...
Sim, vou continuar a chorar nas tuas costas e a sorrir à tua frente...
Sim, vou mostrar-te resistência mesmo que o meu corpo e a minha mente me implorem para me abater...
Sim, estou disposta a respeitar as mudanças, mas não me peças que as aceite...
Sim, vou continuar à espera que chegues à minha beira, e me digas que tudo voltou ao normal...

Mas se isso não acontecer...

Não, não vou chorar por tu partires...
Não, não vou correr atrás de ti...
Não, não vou lutar e voltar a sofrer...
Não, não vou deixar que voltes atrás...
Não, não vou voltar a olhar-te nos olhos...
Não, não vou continuar a acender a vela de cada vez que ela se apaga...

Vou deixar que se apague de vez... Mais um ano... Só mais um ano que resta para mudar as coisas... Talvez menos, quem sabe? Talvez seja eu a ir-me embora... Está tudo nas tuas mãos. Só lutas se quiseres lutar, não te obrigo a nada... E peço-te que não o faças por pena... Só preciso que me mostres que não o queres fazer, e prometo-te que desisto... Apenas... Não me faças esperar mais!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

"E ali, onde cessa o canto, começa o beijo..."

Estava quase escuro. Apenas se via uma pequena faixa de luz pela brecha da janela pouco aberta. Não sentia a escuridão. Estava demasiado abstraída do clima quente e seco, daquele cheiro a terra que permanecia no ar. Fechei os olhos e inspirei profundamente. Mais uma vez uma imagem daquele dia me veio à cabeça. Nunca mais conseguira esquecer. Tocaste-me, distraidamente, e ainda assim um arrepio percorreu todo o meu corpo. Olhaste para mim com esses olhos castanhos a penetrar os meus, e com um sorriso pediste desculpa. E eu desculpei.
Tenho saudades, sim. Já não me lembro da cor da tua pele. Sei que eras moreno. Não muito, ou talvez sim. Não consigo realmente lembrar-me. E o teu cabelo castanho... Não me lembro se liso ou ondulado... Talvez encaracolado, não sei. Apenas me lembro dos teus olhos e do teu sorriso. Ah, esse sorriso...
Persegues-me. O porquê, não sei. Apenas sei que é bom. Gosto que me persigas, apesar de me incomodar não saber as tuas razões, ou, quem sabe, as minhas razões. Preciso de voltar a ver-te. Preciso de voltar a descobrir-te cada feição, cada pormenor do teu corpo. Preciso que saias por um momento das minhas memórias, e te tornes parte do meu pensamento presente. Desta vez sem te pareceres uma névoa esfumada no horizonte. Desta vez, preciso que me beijes a mão e me digas "até amanhã". Não sei se suporto mais esta memória que me traz tanto o passado sem que te traga para o meu presente.
Volta para mim, voltas?
Vou acordar, mas não quero. Porque sei que vais voltar a partir. É impossível evitar. Abro os olhos, e olho para o relógio. São 9h. Estou atrasada, mas pouco me importa, pois tudo me parece ainda um pesadelo, e não a vida real. Há que encarar a realidade. Sorrio, relembro apenas mais uma vez aquele olhar... Daquele dia que nunca irei esquecer. Pego na mochila e saio de casa. Não penso mais em ti, pois sei que vais voltar. Então, até logo à noite.
Dás-me um beijo de despedida?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma mão cheia de nada...

Sabes que hoje tive um sonho muito estranho? Sonhei que não precisava de te perguntar nada, porque a resposta surgia ainda antes de falar. Sonhei que não precisava de te dizer que estava mal, porque ainda antes de começar a chorar, os teus braços já me envolviam, e o teu carinho paternal reconfortava o meu coração. Estranho, não? Outra coisa estranha de que me lembro é de uma pulseira azul que trazias sempre contigo. Gostava de brincar com ela. Enrolava-a nos meus dedos, enquanto tu te entretias a ignorar-me. Ou porque tinhas de atender o telemóvel, ou porque tinhas outra coisa qualquer para fazer. Enfim... Mas eu gostava de, simplesmente, sentir a tua presença. Saber que estavas lá, independentemente daquilo que estivesses a fazer. Mas tudo não passou de um sonho, não é verdade? Ou será que passou? Hmm...
Lembras-te daquele dia em que nos sentámos lado a lado, e nem uma palavra foi proferida? Lembras-te do porquê daquele momento? Lembras-te?
Eu? Como poderia esquecer? Tinha vontade de pegar-te nas mãos e colá-las ao meu coração, para saberes realmente o porquê de estarmos ali. O porquê de eu querer estar ali. Mas não disse nem fiz nada. Limitei-me a ficar ali a olhar para ti, como se estivesse à espera da cura de uma doença, que, na verdade, até tinha. Era doente por ti. Davas-me febre, a minha cabeça andava à roda a todo o momento (e não no bom sentido), e nem mesmo os medicamentos mais fortes conseguiam curar aquela doença, aquele parasita que não me permitia arrancá-lo do meu coração. Que raiva! Que raiva que tive de mim própria e de ti! Que raiva que senti por saber que, mesmo tendo-te à minha frente, era como se estivesses a quilómetros de distância! Que raiva senti por saber que o teu coração não me pertencia, e estavas disposto a dá-lo a outra! RAIVA! O que senti naqueles dias não se ficou pela tristeza, pela solidão. Não tiveste oportunidade de ver o monstro em que me tornei, a frieza com que tratava todos, e até a mim própria. Afastei-me o máximo que pude, porque estava a decompor-me em pequenas peças que ninguém conseguiria voltar a juntar. Perdi uma parte de mim, sim, perdi. As minhas mãos, antes fechadas, num sentimento orgulhoso de confiança, mostravam-se agora como um trono destroçado e derrotado pelo seu pior inimigo. A minha cabeça prostrou-se por terra como nunca se houvera prostrado. Perdi a dignidade, perdi a fé, perdi a vontade. Não queria lutar, pois sabia que seria uma luta perdida. Limitei-me a deixar-me abater mais e mais, enquanto te via a elevares-te à minha frente. Mas as forças faltavam, e fechei os olhos, pois tencionava entrar num sono profundo, do qual só acordaria quando tivesse força para voltar a lutar. Quando tivesse força para te enfrentar de cabeça erguida e dizer-te o que nunca tive a coragem para dizer. Esperei, desesperei, um dia parecia um século, e cada dia que passava me fazia derramar uma lágrima, e jurei que todas aquelas lágrimas me seriam pagas. Todas!
Acordei, finalmente! Não tinha sido um sonho, não. O meu estado de hipnose era de tal forma potente, que não foi fácil tornar-me aquilo que sou hoje. Se alguma vez me senti uma mulher foi quando arranjei forças para encarar um problema que não devia ter de enfrentar tão cedo. Mas enfrentei. Limitei-me a ignorar a tua felicidade para poder alcançar a minha. E consegui! E hoje, aquela raiva que senti, e que esteve tanto tempo acumulada, libertou-se. Decompôs-se em maturidade, consciência e sobretudo, orgulho de mim própria. Porque cresci. E não precisei de ti nem de ninguém para me enxugar as lágrimas, nem para me pedir um sorriso. Porque eu limpei as lágrimas sozinha, e mostrei o sorriso mais confiante que tinha, só para ti! Só para te provar que sou grande. Sou tão grande, que fui capaz de ultrapassar. Coloquei uma pedra sobre tudo. E estou aqui, hoje, como tua amiga, como tua irmã, e como prova de que, afinal, é com os grandes erros e as grandes mágoas que se aprende a gostar realmente. Descobri como gostar de ti, descobri a maneira certa, e sabes que vais estar sempre no meu coração como um marcador de página do livro da minha vida. Hoje, posso dizer com toda a perícia que tenho: Gosto muitíssimo infinitamente ao quadrado de ti. Obrigada. A palavra certa é mesmo essa: Obrigada!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Tremo... Não de frio

Olhei-me no reflexo do vidro do autocarro, parado. As horas passavam tão devagar, que parecia um inferno. Estavam cerca de 5ºC, o meu nariz gelava, e as minhas mãos pareciam blocos de rocha, pronta a partir. No entanto, o frio não me afectava muito. Estava embrenhada em pensamentos distantes, e nada do que se passava à minha volta me era familiar. Algo me fez voltar à realidade. O condutor do autocarro pusera o motor a trabalhar. Agora sim, sentia frio. Entrei, paguei o bilhete e sentei-me num dos bancos que ficava lá atrás, encostada ao vidro. Não consegui evitar a fuga de uma lágrima quando me lembrei de ti. Como seria possível que fosses tão cego ao ponto de não teres percebido? E eu... Como seria possível que tivesse sido tão estúpida ao ponto de ainda acreditar que algo poderia mudar? Como seria possível que eu ainda acreditasse que poderia ser alguém com valor? Alguém a quem tu pudesses dizer "Tenho orgulho em ti"? Enganei-me. Olhaste para mim com um olhar frio, e gozaste comigo. Eu sei que gozaste! Não mo mostraste, apenas por pena, ou desprezo, mas uma gargalhada muda morreu no teu peito, pois nem te deste ao trabalho de me mostrares esse sentimento de repulsa que tinhas para comigo.
Fugi. Sim, fugi. Não suportava mais olhar o teu rosto de distância e desinteresse. Amei-te, sim, e tu sabes bem disso. Mas aquele banco de autocarro parecia agora um refúgio. O herói que me iria afastar de ti. O passaporte para um destino desconhecido, ainda por traçar. Só queria fugir dali. Apenas queria nunca mais ter de olhar para a tua cara, apenas queria nunca mais gostar de ti.
Acordei. Tinham passado pelo menos três horas, e o autocarro parava agora num local que me era completamente indiferente. Desci e decidi começar a andar. Não tive paciência para me informar do sítio onde viera parar. Apenas estava ali para esquecer, e era isso que faria. Andei dezenas de quilómetros, e quando as minhas pernas não suportavam mais a tremura do meu corpo, sentei-me. Pus a cabeça entre os braços e chorei sem vergonhas. Não tinha de me esconder de ninguém. Afinal, estava num sítio onde ninguém me conhecia, ninguém me julgaria, nem perguntaria o que se passava, se estava mal ou bem.
"Obrigado", ouvi. Aquela voz não me era estranha, e um arrepio percorreu-me todo o corpo antes que pudesse olhar para cima, para ver quem seria aquela pessoa desconhecida. Não precisei de o fazer. O vento encarregou-se de trazer até mim o teu cheiro. Não podia ser. Não queria que fosse. Não deixaste que me levantasse. Deste-me um daqueles teus beijos. Aqueles beijos que há muito tempo não sentia roçarem-me a face. Naquele momento, o meu coração queria perdoar-te. Queria apenas que me entregasse nos teus braços, como era meu desejo. Mas o rancor falou mais alto. Olhei-te nos olhos, e as únicas palavras que me vieram à cabeça, sairam, involuntariamente pela minha boca, enquanto virava as costas para voltar a fugir. "Eu amei-te. Amei-te verdadeiramente."
A verdade é que não sei. Gostar de ti? Acho que tudo ficou mal explicado. Ou nada ficou bem. A verdade é que ainda sinto o aroma do teu perfume na minha face, como se estivesses agora mesmo ao meu lado. Mas não estás, pois não? Então...

Porque não sais do meu pensamento, e me deixas o caminho livre para ser feliz?


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Procura dentro de ti

O que inicialmente se afigurava como um simples pedaço de papel, parecia agora uma obra de arte. Simples rabiscos negros num fundo branco, bailavam nos meus olhos como se de aracnídeos se tratassem. Letras quase ilegíveis que, juntas, formavam uma única palavra. Uma palavra que eu já ouvira e lera muitas vezes, mas que nunca havia sentido como sentira naquele momento. Uma palavra pequena, mas que, aos meus olhos, se tornava tão grande. "Obrigada".

Se me deres a tua mão hoje, eu prometo que amanhã ainda cá estarei, com a minha mão na tua, à espera que o teu coração tenha força para mo dizeres, para ganhares a coragem que há tanto procuras, para dizer as palavras que não encontras. Sim, gosto de ti. Gosto muito mais de ti do que alguma vez gostaste de mim. Mas não me importo. Esperarei com toda a calma. Pois a vida não acaba aqui, e sei que um dia, ainda vou ouvir da tua boca as palavras que tu ouviste do meu coração!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Volta!

Chegámos, finalmente! Tudo parecia diferente, tudo parecia novo! No entanto, o sentimento de que estávamos em casa apoderava-se de todos nós, apesar de não conhecermos ninguém, apesar de ninguém nos falar. Tínhamos o pressentimento de que todos nos olhavam de lado, de que todos queriam que nos fôssemos embora. Mas não queríamos ir, essa era a verdade! Já cansados do percurso, instalámo-nos no nosso canto, e começamos a montar aquele que, nas próximas 3 noites seria o nosso quarto. Que confusão! E lá começaram os gritos do guia chato! "Não é assim que se faz!" "Está tudo mal!" "Tirem isso e montem de novo!", e nós, stressados, fazíamos de conta que não ouvíamos, e montávamos tudo mal outra vez. Mas que bom era ver aquela cara de zangado, que sabíamos que nos ia perseguir até ao final.
O trabalho final era a melhor parte. Cansados como estávamos, apesar da vontade que tínhamos de nos deitar e dormir um bom sono, a vontade de conhecer tudo e todos era bem superior. E foi isso mesmo que fizemos. Percorremos todos os campos para encontrarmos os nossos companheiros, sentámo-nos nas mesas deles a rir, a contar as novidades, e tudo parecia bom! E tudo era bom!
Chegou a noite de Sábado, e lá fomos nós para a festa (como já era de esperar, claro). Saltámos, rimos, e foi aí que o Tecoree ficou a conhecer AROUCA! Ninguém gritava como nós! Ninguém ria como nós! Ninguém se atrevia a isso! Era demais! Foi uma noite em cheio, mas muitos de nós queriam era ir dormir, pois sabíamos que o dia seguinte não ia ser fácil. Adormecer nessa noite foi a tarefa mais complicada. Era verdade que todos estávamos excitados com a aventura que íamos viver. De tal forma que foi quase impossível evitar as gargalhadas, as canções e as reuniões em agrupamento. Dormir? É provável que tenhamos dormido muito pouco, mas no Domingo levantámo-nos cheios de força para começar. E começaram as provas! Lutámos muito para dar o nosso melhor, mas a verdade é que estávamos lá especialmente para nos divertirmos, e rimos à grande com a nossa ignorância em muitos aspectos. O nosso mastro que nem chegou a levantar, os nossos nós todos mal feitos, mas que até contaram alguma coisa. A nossa prova das pistas, em que, tenho a certeza, nos escapou muita coisa... Enfim... Tanta diversão que quase não podíamos chamar provas, porque acabámos por não provar nada de especial. Mas ao longo do dia, fomo-nos apercebendo de que já todo o Tecoree tinha bem presente o grupo de Arouca! E o nosso orgulho crescia mais e mais. O dia de Domingo foi perfeito, mas o cansaço era muito, e quando tomámos aquele banho de água gelada, sentimo-nos completamente vitoriosos, pois as nossas meias, t-shirts e calções começavam a sentir-se um pouco mal com os odores. Soube mesmo muito bem! E o sono que veio depois soube ainda melhor.
Chegou então Segunda-feira. O cansaço e a má disposição começavam a apoderar-se de nós, e tenho de confessar que disse algumas coisas das quais me arrependo, mas não consegui evitar. Sentia que as coisas não estavam a funcionar assim tão bem, e comecei a desanimar. Ainda assim, tentei esconde-lo aos máximo, e mostrar sempre um sorriso, mas por vezes não foi fácil, e uma lágrima ou outra teimavam em sair sem eu pedir. As provas de Segunda-feira conseguiram ser ainda mais divertidas! A chamada do Xaninho para o 112, a prova de Socorrismo, a prova do chuveiro... E durante estes acontecimentos, a nossa proximidade com outras equipas foi aumentando. Lisboa, sempre a gozar com a nossa pronúncia do Norte, e nós sempre a gozar com a deles, do Centro, acabou por se tornar uma equipa muito cúmplice, e isso foi provado no final, quando a nossa conversa terminou com trocas de Facebook e apoio a Lisboa e a Arouca. O fogo de Concelho foi um ponto crucial para percebermos o quão difícil estavam a ser as coisas. Desentendimentos, caras mal-humoradas, e até a chuva veio atrapalhar. Será que as outras pessoas também se estavam a aperceber destes problemas tão desnecessários?
Terça-feira chegou. Estava a acabar, e estávamos todos ansiosos por saber quem tinha ganho o primeiro Tecoree no nacional. Mas acima de tudo, a tristeza de termos de abandonar aquele pessoal que nos acompanhou ao longo de todos aqueles dias também crescia. Tínhamos de reconhecer que, apesar de todas as dificuldades, a nossa bagagem para casa iria mais cheia. Desta vez com aprendizagem, novas amizades, sorrisos e lágrimas . E uma coisa de que ninguém se pode esquecer! Saudades! Sim, porque as saudades começavam já a chegar, e ainda nem tinhamos saído dali. A formatura por aquipas foi mais unida do que nunca. Todos nos apoiávamos uns aos outros, e apesar da ansiedade para conhecer os vencedores, esse era já um mal menor.
E o grande vencedor é: ARISTIDES DE SOUSA MENDES, 1302, Arouca! Saltámos, gritámos, rimos, e foi impossível impedir as lágrimas para alguns de nós. Mal nós sabíamos que o verdadeiro prémio ainda estava para vir. Depois de todos estes festejos, fomos chamados por um dos animadores, o Rafa. E aquelas palavras que ele proferiu, essas sim, foram o maior prémio que alguém podia receber. Vão para sempre ficar gravadas na minha memória, assim como na de todos os Pioneiros de Arouca, tenho a certeza! Não sou capaz de as escrever aqui. Acho que sou invejosa de mais para partilhar este prémio com mais alguém. Quem as ouviu vai lembrar-se delas ainda daqui a muitos anos. E tenho a certeza que no próximo Tecoree, essas palavras vão ainda estar gravadas, e as lágrimas choradas este ano, ao ouvir aquelas palavras, vão voltar a reviver-se. Sempre e sempre, e cada vez mais intensamente! Obrigada Rafa, por nos teres dado o maior prémio que podíamos alguma vez ter recebido! O orgulho dentro de nós cresceu exponencialmente, e um sentimento inexplicável de querer ouvir de novo aquelas palavras aumentava a cada segundo. Algo que ficará para sempre gravado no currículo das nossas vidas.
E chegou o momento das despedidas. Os convites para visitarem a nossa Terra e nós as deles! Tanta coisa maravilhosa que ficou, e será recordada para sempre... Obrigada a todos por tudo! Obrigada Lisboa, obrigada Aveiro, obrigada Vila Real, obrigada Almada obrigada Algarve, obrigada Coimbra, obrigada Castelo Branco, (não posso mencionar todos, pois seriam dias), mas sobretudo, obrigada Idanha, por teres sido a nossa casa durante estes maravilhosos dias, por nos teres unido, por teres partilhado as belezas que apresentas, por nos teres proporcionado tantas e tantas coisas... Digo com o maior orgulho: OBRIGADA PIONEIROS!
É caso para dizer:
Sentes o espírito?


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Descoberta

Fechei os olhos para tentar perceber a fragrância que estava a sentir há pouco mais de um minuto. Era bom, muito bom! Inicialmente julguei que era fruta madura. Cheirava-me a pêssegos e a morangos! Mas depois apercebi-me de que não podia ser fruta, pois o cheiro adocicado que me parecera inicialmente, dava agora lugar a um odor mais arrojado, mais forte! Talvez fossem flores! Ainda assim, não me parecia! Cheirava bem, sim! Mas não era um cheiro característico da Natureza, disso tinha a certeza! Mas o meu pensamento foi interrompido pela chegada de alguém, que me tapou o sol, e me proibiu daquele calor agradável durante momentos. Abri os olhos, contrariada, e estavas colada ao meu nariz, quase a beijar-me no queixo! És uma doida, és! Murmurei algumas palavras de desagrado por me teres interrompido aquele momento maravilhoso, mas logo perguntei com um sorriso "Tudo bem?". Contigo estava sempre tudo bem! Não conseguia entender como conseguias ter sempre a situação tão controlada, mas tinhas! "Quero mostrar-te uma coisa, anda!", disseste, sem responderes à minha pergunta. E eu fui, claro! A verdade é que tenho tamanha confiança em ti, que iria mesmo de olhos vendados. E mais uma vez, fechei os olhos. Pareceu-me passarem horas, mas na verdade, não tinham passado mais de 10 minutos. Onde tu nos tinhas levado! Mais uma vez, àquela casa abandonada que me trazia tantas más recordações! Não queria entrar, disse-to, aliás! Mas não quiseste saber! Puxaste-me, e quando dei por mim, lá estava eu, naquele local onde, há pouco mais de um ano, me havia sentido tão feliz!
"Repara nas paredes", disseste! "Não estão tão brancas? Parece mesmo que foram acabadas de pintar!". Olhei com atenção. Na verdade, estavam realmente muito brancas! E aquele cheiro... O cheiro que há pouco sentira, havia voltado. Fechei os olhos, e deixei-me conduzir por ele, enquanto ficaste entretida a mexer nos móveis cheios de pó. Entretanto, abri os olhos. E eis que... ele estava lá! Foi como se o tempo recuasse de repente, e tudo voltasse a ser como há pouco mais de um ano. Aquele cheiro, agora bem familiar... Era ele! Não havia partido, não me havia deixado! Eu sabia que tudo não tinha passado de um sonho! Olhei-o fixamente nos olhos, e uma lágrima escorreu-me pela face. Estendeu a mão para ma limpar, mas... Nada! Conseguia ver a sua mão na minha face, mas tudo era vazio! Nada! Apenas uma nuvem de partículas tão irreais, tão falsas! Mas o seu coração batia! Disso tenho a certeza! Eu ouvi! Eu senti! Com medo, toquei-lhe no peito, senti-o, mas imediatamente, desapareceu! Como se se tratasse de um nada... Sorri. Limpei as lágrimas, e corri abraçar-te. Olhavas para mim com cara de quem me achava maluca. Talvez estivesse! Talvez esteja! Mas para ter momentos daqueles, rezaria para ser maluca toda a vida!
"Um ser humano é feito de células e tecidos e órgãos e sangue e nervos. Isso é o hardware. Mas o ser humano é muito mais do que isso. É uma estrutura complexa que possui consciência, que ri, que chora, que pensa, que sofre, que canta, que sonha e que deseja. Ou seja, somos muito, muito mais do que a mera soma das partes que nos constituem. O nosso corpo é o hardware por onde passa o software da nossa consciência." J.R.S.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Segredo...

"Vou contar-te uma história. É uma história bonita, mas que terás de manter em segredo. Consegues? Prometes-me? Pois bem, sabes perfeitamente que confio em ti com a vida, sei que vais cumprir a promessa. Então chega-te para ao pé de mim, encosta-te a mim o mais que possas, e tenta esconder o sorriso enquanto te sussurro ao ouvido, para que ninguém perceba que é um segredo. Eu sei que vais gostar."
Ajoelhas-te ao meu lado, de modo a que o teu ouvido fique colado aos meus lábios. Ainda não proferi uma única palavra, e já estás a sorrir! Como és tontinho! Mas a verdade é que é essa tua personalidade que me atrai! E não seria a mesma coisa se não estivesses a sorrir. A mostrar esses dentes tão brancos como as nuvens de uma tarde de Outono. Conto-te a minha história. Eu sei que já sabias tudo quanto te disse, mas mais uma vez, e no segredo da nossa intimidade, precisava de o repetir. Precisava de ter a certeza que todas as vezes em que encostavas a cabeça ao meu peito e pedias que te te acariciasse o cabelo, não passava de mais um propósito para estar ao meu lado. Que cada vez que chegavas a minha beira de manhã e me davas um beijinho, significava que continuavas a gostar muito de mim. Precisava de garantir que a tua voz continuava a soar simplesmente para me cantares aquela balada que tantas vezes me fez chorar de paixão. E as minhas respostas surgiam cada dia. E cada dia me sentia mais na necessidade de voar horizontes para poder encostar a tua cabeça ao meu peito enquanto te acariciava o cabelo. Mas não sei onde estás. O cheiro do teu perfume começa já a aparecer como uma memória antiga, quase apagada. O sopro da tua voz melodiosa está já tão distante, que quase não me lembro do timbre. Apenas esse sorriso permanece intacto no meu pensamento, como que gravado a tinta permanente numa tela roubada de um mundo não meu. Um mundo não nosso.
Aguardo com esperança voltar a sentir o calor dos teus dedos macios a acariciar-me a face molhada, enquanto me cantas uma canção escrita por ti, que eu sei que vou gostar! Afinal, gosto sempre, não é? Mas não digas a ninguém! Promete-me que vai ser mais um dos nossos muitos segredos. Aqueles que trocávamos enquanto eu sabia que eras parte da minha vida, parte de mim. Prometes-me? Promete-me que vais voltar para sorrires enquanto te conto este segredo. Este grande segredo que me atormenta há tanto tempo! E promete-me que vais continuar a gostar de mim, que estejas onde estiveres, eu nunca vou ser o teu passado, mas sim o teu presente e futuro.
Prometes?

sexta-feira, 18 de março de 2011

Goodbye my almost lover...

Não suporto mais o lamento das minhas palavras e expressões cada dia... Não suporto o barulho das minhas lágrimas e a melodia das tuas gargalhadas. Estou farta! Estou farta de lutar por algo que não me pertence, nunca pertenceu e nunca pertencerá. Desisto agora mesmo de todos os esforços em vão, de todas as palavras perdidas. CHEGA!
Ainda vais beijar-me a mão, e ao sentir o perfume da minha pele, vais desejar que tudo tivesse sido diferente...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Coisas pequeninas que doem tanto...

Há muito que não oiço o vento soprar... A chuva que cai no meu coração abafa os sons omnipresentes da Natureza, e tudo não passa de uma turbulência, na qual a minha alma entra em ebulição, e o meu sangue endurece como lava consolidada. A minha face perdeu a cor, os meus olhos perderam o brilho... Já nem mesmo os meus lábios se abrem naquele sorriso que outrora mostrei, e senti orgulho em mostrar. Estou vazia, seca, oca.
Olho as minhas mãos, agora envelhecidas devido a palidez da minha pele. Amarelas, enrugadas, as calosidades a sobreporem-se às palavras doces e meigas que um dia aqui escrevi. Palavras essas que me faziam lembrar vida, presença intemporal de um ser místico e irreal que penetrava o meu cérebro e me consciencializava de que sou realmente boa, de que realmente valho algo, de que sou verdadeiramente importante na vida de alguém. Mas tudo mudou. É como se a viagem da minha vida me levasse para um polo da Terra, onde o frio congelou toda a réstia de coragem e valor que eu ainda conseguia suportar. Como se uma lufada de ar me despenteasse os cabelos, e levasse consigo toda a minha compaixão, toda a minha loucura saudável que já possuí, mas que agora imploro para voltar, sem qualquer resposta positiva.
Vazio. Silêncio. Escuro. Os meus olhos mudaram de cor, como se o Sol tivesses entrado e estimulado a produção de uma qualquer hormona carnal, modificando a pigmentação da íris que já vi verde, castanha, dourada. Negro, é tudo o que vejo agora. Um véu negro que me impede de alcançar a verdade, que me impede de ver a realidade, que simplesmente não me deixa amadurecer o suficiente para perceber que há saudades. Há cada vez mais saudades... E mais, e mais... Sinto falta dos tempos em que me sentava na varanda a apreciar o fogo de artifício colorido, numa noite de Verão, sem pensar noutra coisa que não fosse a beleza daquele espectáculo luminoso. Sinto falta do tempo em que mostrava um sorriso em troca de um carinho, em que colocava a minha mão sobre o cabelo e ainda conseguia sentir aquele perfume adocicado que me amaciava o espírito. Nada... Nada mais me faz lembrar isso. Não há Primavera, Verão, Outono ou Inverno que me traga aquele perfume. Não há areia de praia nem azul de céu que me faça esquecer o dourado daqueles olhos ou o fogo de artifício desalinhado e despreocupado que me enchia olhos e ouvidos num concerto de lágrimas e sorrisos. Nada mais me traz de volta as conversas inocentes e curiosas que um dia tive... Que um dia tivemos... Nada!
Opções? Terei? Poder-se-ão chamar opções? Escolhas? Eu diria obrigações. Obrigação de obedecer a uma vida sobre a qual já não temos rédea, que nos possui e nos entrega às mãos do destino, que nos revolve num misto de preocupações próprias e alheias.
Preciso de um sorriso dado com ternura. Vem, vem e receber-te-ei de braços abertos, como o pai que acolhe o filho pródigo. Dar-te-ei tudo aquilo que outrora te dei, e verás que poderei ser feliz, se alguém tiver coragem suficiente para me dizer "eu gosto de ti!"

terça-feira, 15 de março de 2011

Fala-me...

Não sei mais o que sou...
Não sei mais o que quero...
Sinto um véu negro à minha frente, que me impede de alcançar o caminho para a felicidade, e tudo fica mais longe... E mais, e mais... Estás aí? Dá-me a tua mão. Deixa-me sentir que não estou sozinha neste caminho para o abismo. Diz-me que gostas de mim como outrora gostaste... E sussurra ao meu ouvido que estarás sempre aí. Basta-me a brisa das tuas palavras para reconfortar a minha alma. Basta-me saber que estarás a minha espera quando eu conseguir trespassar este véu de dor, este véu de mágoa e ódio, que só me permite ver a vingança. Não quero ser assim. Não quero ser fria como a neve que cai em Dezembro em Nova Iorque. Não quero o meu coração duro como gesso. Mas é isso que está a acontecer. E tudo porque não sei mais o que significas para mim, e o que eu significo para ti...  Aliás... Não sei quem tu és. Não te reconheço. Permaneces aquele anjo branco que vejo todas as noites, que me pega ao colo e me leva a voar pelos céus de Paris, a sentir o vento levantar-me a camisola, enquanto o ar penetra o meu peito, enxergando o meu coração com uma nova esperança, uma esperança mentirosa e falsa, que simplesmente me derrota, e me faz fraca. Não tenho poderes para contrariar estas tuas visitas. Gosto delas. Gosto de sentir que, apesar de tudo não passar de um sonho, tu estás cá. Mesmo que quando eu acorde, não passes de uma névoa sem forma, corroída pelas lágrimas que liberto quando sei que te vais embora, que não vou voltar a ver-te...
Preciso de sentir, mais uma vez, essas tuas mãos apertando as minhas. Preciso que me digas que, apesar de o teu rosto permanecer escondido na luz negra da noite, os teus olhos castanhos continuam a fixar-me dia e noite, trespassando a minha alma e roubando os meus sentimentos maus, para que as recordações que tenho de ti me levem a querer-te mais e mais.
Não te vejo, não te ouço, e choro por isso, apesar de saber que estás sempre mais perto que aquilo que eu imagino, e provavelmente, mais perto do que aquilo que eu queria. Mas não vou afastar-te, não. Preciso de ti ao meu lado, cantando-me uma canção de embalar, enquanto eu te abraço e te digo o quanto gosto de ti. Preciso de ver esse teu sorriso dirigido a mim, contando-me da minha vida como se uma anedota fosse. Quem me dera ter essa tua força, esse teu poder de, mesmo escondido, encarar o mundo tal como ele é.
Nunca vi de ti uma lágrima, nunca um suspiro, nunca um temor. Perfeito? Talvez sejas... Estou ainda longe de conhecer o verdadeiro TU. Sinto-te presente como se fizesses parte de mim desde sempre, como se me pertencesses e eu a ti, como se os teus olhos fossem os meus, como se a tua boca fosse a minha... E continuo à espera que te mostres a mim sem receios, que deixes tudo de lado para vir comigo para a minha Terra do Nunca, para viver um sonho do qual ninguém mais me poderá acordar... Espero... Com calma e tranquilidade, porque sei que não me vais desiludir.
O meu único receio é que não passes de um sonho... Ou que talvez nunca vá ver os teus olhos castanhos a olhar para os meus...
Quero-te, preciso-te, desejo-te, amo-te. Sim, amo-te indivíduo estranho. Um dia, vou chegar ao teu coração, e aí saberás que nunca te menti, apenas nunca te disse toda a verdade...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Quero voltar... *.*

Chegou a Sexta-feira de manhã e o dia parecia um Inferno. As horas passavam tão lentamente que irritava! A minha vontade de dar um grito aumentava a cada segundo, mas consegui resistir e esperei... Esperei com a calma que consegui. Finalmente, depois de muitos suspiros e sorrisos irónicos, acabaram as aulas. Mais um contratempo ou outro, mas assim que me vi dentro do carro com destino aquele local que eu tanto ansiava, o meu coração respirou de alívio. Fiz a viagem com a tenção a todos os pormenores que nos rodeavam, até que... Lá estávamos nós. Saí do carro, ansiosa e extasiada, e peguei na mochila. Dirigi-me à casa, e um sufoco impediu-me de entrar imediatamente. Respirei fundo, e deixei que um arrepio de felicidade percorresse todo o meu corpo. Entrei e olhei para todos os cantos daquela casa que me ia acolher durante o fim de semana. Pequenina, suja, mas nem assim pouco acolhedora. Desfizemos as mochilas, e estava tudo apto para o início de uma aventura, cujas expectativas não alcançavam o perfeito, apenas se ficavam pelo bom.
Abracei-os a todos. As saudades dos momentos juntos há muito que apertavam, e senti-me feliz por poder estar de novo naquela família. Instalámo-nos como se a casa fosse nossa, e, todos reunidos, jantámos, jogámos, rimos, e por fim, fomos deitar-nos. Naquela noite não consegui dormir. Milhões de coisas invadiam-me o pensamento e perfuravam-no como se de setas se tratassem. Dei mil voltas dentro do saco-cama, mas nada... Fechei os olhos, e penso ter conseguido adormecer durante cerca de uma hora, mas pouco depois estava de tal maneira desperta, que mais nenhum sono conseguiu derrotar-me. Não era a única com dificuldades em dormir, e fizemos de tal maneira barulho, que tivemos de levantar-nos mais cedo por nossa causa. Tenho de confessar que fiquei aliviada, mais um momento ali deitada e era capaz de por-me aos berros. A minha vida ali não era dormir. Precisava de acção, precisava de viver...
O dia de Sábado foi a coisa mais maravilhosa do mundo. A partilha, a união, a amizade criada, os sorrisos, as lágrimas, a inter-ajuda... Tudo! Fizemos jogos mega divertidos, e nem o tempo conseguiu destruir a nossa boa disposição. Porque estávamos felizes, porque estávamos realmente a viver aquilo por que tanto ansiávamos! Era o verdadeiro escutismo a tomar posse de todos nós! E nós deixámos! Aquele fogo de concelho perfeito, que nos fez rir, chorar, apreciar as coisas boas que a vida nos pode oferecer... E a amizade crescia mais e mais... E todos queríamos ficar ali, naquele sítio onde todos nos tornámos, e provámos uns aos outros que somos humanos, que temos defeitos e virtudes, e que, acima de tudo, estamos sempre lá uns para os outros...
Mas o tempo foi passando. A noite de Sábado foi muito mais calma. Ao acordar, a felicidade e a amizade estampava-se no rosto de cada um, mas apreciava-se também uma ponta de tristeza, pois estava a acabar. Aproveitámos tudo até ao último momento! Partilhámos segredos, emoções, e descobri que os verdadeiros amigos, por vezes, estão mais perto que aquilo que pensamos... E sinceramente, foi um troféu na minha vida ter descoberto pessoas tão perfeitas quanto eles.
O dia de Domingo passou depressa. Chegou o Domingo à tarde, e os pais apareceram para nos trazer para casa. A verdade é que nós já estávamos em casa. Uma casa que, apesar de temporariamente, passou a ser permanentemente nossa. Pois uma casa é aquela onde se vivem momentos que nunca se esquecem, e tenho a certeza que aqueles momentos estarão sempre registados no livro da vida de cada um de nós a tinta permanente.
Descobrimos amizade, amizade, amizade, amizade e amizade! E esta amizade que foi descoberta vai continuar a crescer mais e mais, e momentos como este repetir-se-ão. Porque uma união como esta não se quebra facilmente, e os meus Pioneiros serão sempre recordados pelas melhores razões. Já sinto saudades do fim-de-semana, mas não me deixo abater por isso, porque tenho a certeza que mais momentos destes virão não tarda...

Pioneiros 1302
Coelheira, 4-6 de Março de 2011 <3

terça-feira, 1 de março de 2011

A dor de uma lágrima...

Sempre me disseram que o amor não dói, sente-se e vive-se. Mas será que não dói mesmo? Talvez não seja a pessoa certa para falar disto, até porque ainda não sei bem o que é o amor, e a que é que se pode chamar amor. Simplesmente não tenho conhecimento nem vivências suficientes para falar disto, mas é um tema em que insisto bastante, talvez por ser uma das coisas que ainda não conheço bem e gostava de conhecer. É algo que me intriga.
Sempre imaginei o amor como uma coisa maravilhosa que arrancava sorrisos do rosto das pessoas que o têm. Mas afinal... Começo a descobrir que o verdadeiro amor não é esse mar de rosas que todos tentam idealizar. É bem mais do que isso, é bem mais difícil do que isso... É algo que, por palavras não se consegue explicar. É uma imensidão de sentimentos, todos unidos que nos levam a querer gostar de alguém, a ter prazer nesse gostar. Para além de querer estar sempre perto de uma pessoa, é sentir saudades dela quando está longe. É sorrir quando está feliz, e chorar quando está triste. É sentir vontade de dar a vida por essa pessoa, é sentir vontade de matar alguém que lhe  fez mal, é sentir vontade de morrer por não conseguir arrancar um sorriso dos seus lábios. É sentir-se derrotado quando magoamos essa pessoa, é chorar escondido porque não se quer que ninguém saiba o quanto realmente gostamos dela... Além disso, é saber que essa pessoa também nos ama, e jurar carinho eterno, independentemente das circunstâncias da vida. É olhar nos olhos dessa pessoa e conseguir dizer "Eu só quero o teu bem, mesmo que para isso eu tenha de sofrer!"...
Estas palavras são ditas com tal verdade e vontade, que... o sentimento provocado nas pessoas que as escutam é incontrolável. Raiva por não ter coragem de retribuir as palavras, angústia por saber que há alguém que gosta tanto de nós, e nós nem sempre sabemos reconhecer isso e dar-lhe valor... Tanta coisa que nestas palavras, apesar de tão reconfortantes e ternas, provoca uma dor imensa no nosso coração... E ficamos a pensar se realmente merecemos todo aquele amor, toda aquela vida que nos estão a disponibilizar... E pensamos se algum dia vamos conseguir retribuir esse sentimento... E descobrimos que sentimento igual a esse não vamos encontrar nunca em mais lugar nenhum... Nem amor, nem carinho, nem os olhares ternurentos, nem aquelas lágrimas tão pouco merecidas que escorrem pela face... Por muito que procuremos, nunca vamos encontrar nada parecido... O maior amor que algum dia vamos ter na vida, já temos, e não muito longe. Basta olhar para o nosso redor, só com um pouco de atenção, e veremos que, mesmo que não muito visível, aqueles olhos estarão a olhar para nós e aquele sorriso continuará a iluminar-nos todos os dias... E enquanto eles lá estiverem, nada mais na vida fará tanto sentido quanto isso...


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A mais pura inocência

"Olha p'ro céu, conta-me o que tu vês
Vá fecha os olhos e diz-me em que crês...
Estrelas imensas já brilham no céu
Vejo-as no teu olhar...

Vejo uma estrela, sempre que sorris
Oiço o bater do teu peito feliz
E agora sei porque a vida me quis
Vejo-o no teu olhar...
Vejo-o no teu olhar...

Mesmo na noite, eu vejo a luz
Na escuridão o amor reluz
Já nasceu em nós
Não sei o que posso fazer
E comecei assim a amar, vendo o teu olhar...

Vejo uma estrela, vai durar p'ra sempre
E vejo o mundo, para nós diferente
Tudo isto é bem mais do que eu me lembro
Mais do que eu sonhei, mais do que eu senti..."

Oiço o coração bater dentro do peito. Não sei quando vai parar, mas é para breve. Sinto-o. A vontade de adormecer como num conto de fadas. Mas nada... Não acontece nada. Mais uma vez me ponho a pensar na minha vida, e cada vez mais me apercebo de que realmente este não é o meu lugar. Sou de longe, de bem longe daqui. Não sei o nome do lugar, isso não sei. Mas imagino o ambiente. Tudo tão diferente daqui...
Pelo menos se eu tivesse asas como os passarinhos, poderia voar à procura daquilo que tanto quero encontrar. O meu lugar! Mas não tenho. Então... Terei de permanecer aqui. Viver uma vida que não é a minha, até finalmente encontrar a felicidade. Porque ela aqui não existe. E não se pode viver sem ela, pois não? Então... E se todo o humano tem felicidade, mais uma prova de que não sou humana.
Pergunto-me tantas vezes: "de onde vim?", "como nasci?", aquelas perguntas típicas das crianças do género "de onde vêem os bebés?". Eu sou um bocado assim. Um bebé chorão. É assim que me sinto. Só tenho pena de o meu tamanho não o disfarçar...

Sabiam que o céu na realidade não é azul? Como as pessoas se enganam, não é? Mas é verdade... Não vale a pena alimentar imaginações e sonhos, porque quando for preciso quebrá-los, mais tarde vai custar mais. O céu só é bonito para quem o imagina bonito. Sabem de que cor é o meu céu? Castanho... Puro castanho, com um sol cor-de-laranja fluorescente, daqueles que até fazem faísca aos olhos...
Sinto-me estranha. Sou estranha! Porque é que ninguém o reconhece? A realidade não deve ser escondida, mas sim divulgada!
Ninguém tem a coragem de me olhar nos olhos e me dizer aquilo que eu sou. Mas eu digo-o, não há problema! ESTRANHA!

Às vezes ponho-me a pensar, e as pessoas acham que sou invejosa, mas quem me dera que se tratasse disso. Ponho-me a olhar muito discretamente para os casalinhos de "namorados" que passam por mim na escola. Sou muito sincera: acho uma tremenda piada. É tudo muito lindo, não é? Muito românticos, já com planos de casamento... Mas é mesmo engraçado como o romance se acaba de um dia para o outro. A sério que não percebo! Num dia "Amo-te tanto!", no outro "Põe-te a andar, há para aí muito melhores que tu!". Enfim... Repugna-me este "amor" (até me dá pena chamar-lhe assim), que não sabe o que é... Um romance imaturo e não premeditado. Uma coisa sem controlo, que acaba quase por se tornar um vício. E atrás de uma, vem outra... E atrás de um vem outro... E andam nisto, como se fosse uma competição para escolher o maior "macho" ou a maior "fémea". Sinceramente... Namorar só para dizer que se namora? É moda agora! Em 50 pares de namorados, devem haver para aí 3 em que ambos gostem verdadeiramente um do outro... E depois andam assim... Numa roda viva de sofrimento e de brincadeiras com sentimentos, que num dia são uns, no outro dia já são outros... E acham que eu tenho inveja disso? ahah... vou muito para além disso! Inveja? Não sou de invejar uma coisa que me enoja! Sou mais de criticar, e acabo por ser mal interpretada, mas por mim, tudo bem! :) No dia em que eu encontrar um rapaz com quem viva uma situação dessas, prometo pela minha morte, que vou pedir desculpas a todos aqueles que estou a julgar... Mas no que depender de mim, nunca vou ter de o fazer... Primeiro, porque sou demasiado egoísta para partilhar a minha vida e o meu tempo com alguém... Depois, porque já dei muitas cambalhotas, e sei daquilo que estou a falar. Não o digo da boca para fora. Digo-o sim, porque tenho pena que uma coisa tão bonita como o amor esteja a ser minimizada e calcada por coisas como a vaidade e a luxúria.
Mas foi só um desabafo... Eu preocupo-me com a minha vida, e as outras pessoas preocupam-se com as delas... Quanto ao resto, elas lá sabem se querem continuar a viver acorrentadas a um falso amor, a um amor-droga, que as engana, as faz sentir bem, as vicia, mas no fundo, está a destruir a vida delas...
Mas lá está... Mais uma vez... É só uma opinião estúpida de uma pessoa doida...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Calor de viver

O dia anterior... É certo que já passou no tempo, mas continua a ocupar espaço no coração. Continuo sem perceber porque é que não tenho uma memória como a dos telemóveis, que dê para apagar ficheiros quando está muito cheia. Defeito de fabrico, penso... O ontem continua demasiado presente. Tão presente, que mal consigo pensar no hoje e no amanhã. Tão presente, que quase o consigo sentir. Tão presente, que quase sinto saudades de já ter passado. Tão presente que... a vontade de o abraçar cada vez mais se apodera de mim! Abraçar o passado, reviver momentos e sensações sem os quais não poderia ter crescido e chegado a este ponto. Ao ponto de querer recuar.
Mas ao mesmo tempo que uma força me impulsiona para o passado, uma outra, também muito forte, cada vez mais me puxa para o futuro. Um futuro incerto, sim, mas, quem sabe, agradável. Não sei, e sinceramente, o prazer está no mistério. Quero deixar as coisas correrem, mas há certos momentos em que dou por mim a pensar no passado. Ainda me sinto muito presa a ele. Gostava de esquecer, admito! Mas é uma força tão grande! Tão poderosa! Não sei se vou continuar a ter forças para enfrentar o presente, se cada vez que encaro elementos do meu passado, tudo isso me volta à mente... Se tudo isso volta a ser um sentimento presente. Basta um olhar para o céu. "Eu estive aqui!". Uma palavra a uma pessoa. "Já vivi tanto com ela...".
Há tantos sentimentos por detrás de uma vida... Muitos deles ainda a ser descobertos. Mas não há nada melhor que ouvir os sons da Natureza, e perceber que um sentimento não se resume a uma forma de nos sentirmos, mas também a uma forma de nos expressarmos. Tenho pena quando os sentimentos são mal interpretados. Sim, tenho... Mas... Se nem eu sei o que sinto, como posso transmitir aos outros aqueles sentimentos que eles querem ver em mim? Não consigo ser falsa ao ponto de inventar um. Não faz parte de mim. Mas a verdade.... A mais pura das realidades... É que me sinto como um corpo morto, sem sentimentos. Sem nada. Não sei o que sinto, não sei o que quero, não sei o que me move. Não sei decidir por mim, não sei dizer sim, nem sei dizer não. Sei apenas dizer talvez... Porque não sei o dia de amanhã, e o dia de ontem está ainda muito presente para poder encarar a vida no dia de hoje... Então... Precisava apenas de voar como um bando de pássaros, durante algum tempo. Voar ao sabor do vento, sentir o verdadeiro sabor da liberdade. Mas não posso controlar a minha vida dessa maneira. Tenho de ter paciência, como todos me dizem. Lá a terei... Não por vontade, mas porque para viver neste mundo (que não é o meu), preciso dela para sobreviver...


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Doce ou... Amargo...

Hoje é um daqueles dias em que não me apetece fazer nada... Absolutamente nada... Não me apetece estudar, não me apetece escrever, não me apetece ouvir música, não me apetece ver filmes... Apetece-me estar sozinha... Só comigo! Pensar em coisas que nunca me dei ao trabalho de pensar... Pensar por exemplo... No sabor das coisas... Porque é que os iogurtes da leiteira sabem a leite? Porque é que a maçã sabe a fruto e a açúcar? Porque é que a carne sabe a... carne! E porquê associar o sabor a alimento? Será que temos tanto essa mentalidade carnal e devoradora de saborear apenas aquilo que comemos?...
E que tal saborear um momento? Uma palavra? Um gesto? Um perfume, uma flor, um lençol acabado de ser lavado, um beijo? Porque não saborear as coisas... Que têm um sabor, não de paladar, mas saboroso? Já se lembraram disso? Saboreiem a vida, saboreiem os bons momentos, saboreiem um beijo, uma carícia, um abraço...
Mas saibam saborear também os momentos de dor, de angústia, de uma promessa não cumprida, de uma palavra não dita, de um gesto feio e cruel, pois é com isso que vamos aprendendo o sabor das coisas... É com isso que nos ajudamos a nós próprios a crescer e a amadurecer... É com isso que aprendemos a dar valor a novos sabores... a novas vivências... Saboreamos a solidão como quem saboreia uma laranja verde, azeda... Mas sabemos que a laranja vai amadurecer e tornar-se doce... Então... Porque não saborear o azedo também? Não sabemos se gostamos até provarmos...
 Mas tudo depende das circunstâncias da vida, não é? Então... Há que deixar as coisas correrem, e irmos saboreando as pequenos momentos da vida que fazem de nós homens e mulheres mais ricos... Nunca se sabe aquilo que podemos aprender com todos esses momentos...


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sozinha à chuva...

Hoje, enquanto me dirigia para casa de um grande amigo meu, estava a pensar na vida. Entretanto, começa a chover torrencialmente, o que seria uma boa desculpa para correr, para me abrigar o mais depressa possível... Mas não... Permaneci com o mesmo passo lento e cuidado de antes.  Nunca gostei de chuva, sabem? O céu fica de um cinzento tão horrorizante, e o ambiente fica tão deprimente, que eu própria me sinto deprimida nestes dias... Mas enfim... Hoje deu-me para ficar a apreciar a chuva.
Já com os pés alagados, e as meias coladas às pernas, fiquei a apreciar a beleza que a chuva, afinal, pode trazer... É como que um banho de pureza que nos limpa a alma... Primeiro pensei: "Bolas, esta chuva só se lembra de aparecer quando eu estou na rua!", mas depois, acabei por ficar um bom bocado a olhar para o céu, a ver a quantidade de cores que ele tem... É bonito, na verdade! Muito bonito... E aquela chuva torrencial, a cair sobre a minha face com toda aquela fúria, fez-me pensar que o mundo às vezes não é tão mau como parece... Nós é que o fazemos parecer mau... Tal como nós, o mundo também tem o direito de descarregar a sua fúria... Aliás, acho muito bem que o faça! E que venha mais chuva para, como hoje, eu poder apreciar um dos dias mais belos da minha vida...
Mas sabem que mais? Agora estou a apreciar a chuva da minha janela... Sinto que Deus está chateado com alguém... Esta chuva pode vir a ser perigosa, quem sabe? Olho o meu reflexo no vidro da janela... E eu... Eu sou a chuva... Como? Não me perguntem... Eu sinto a chuva pingar com toda a força no meu coração. Como se o meu corpo fosse um continente, e essa chuva o fosse inundar, causando estragos por tudo quanto passasse... E é isso mesmo! Esta chuva não passa de um pensamento meu... Da minha raiva... Da minha fúria... Da minha vontade de cair e devastar multidões... Sou má? Diria apenas que sou pecadora... Que preciso de um tratamento contra esta dor, contra esta chuva...
Ouçam... A chuva continua a cair com toda a força... Acabará o mundo? Para alguns, talvez... E eu? E a minha chuva? E a minha fúria? E a minha mágoa? Acabará? É uma questão de esperar para ver... Enquanto isso, vou continuar a olhar a chuva lá fora... Tentando alcançá-la com a língua, para sentir o sabor da fúria...
Hmm... Afinal... Sabe a água... Insabor... Será assim a minha fúria? Será que apenas causa estragos, que não passa disso, que no fundo... Não tem sabor? É uma questão estranha e intrigante... Neste momento, sinto que não consigo alcançar a chuva, tal como não me consigo alcançar a mim mesma... E esta sensação de distância... Dói-me...

domingo, 16 de janeiro de 2011

Porquê insistir?

Às vezes estou deitada, à noite, sem conseguir dormir, e ponho-me a pensar na vida... O porquê disto, o porque não daquilo... Mas nunca chego a uma conclusão! Sinto-me mal por não poder mudar o mundo, por não conseguir com que as coisas difíceis se tornem fáceis... E tudo me faz uma tremenda confusão... Olho para as pessoas com quem convivo no dia-a-dia, e não vejo senão meros estranhos... Meros caminheiros no mesmo mundo em que eu vivo, no mesmo percurso que eu faço... Faz-me falta tanta coisa... Faz-me falta ser mulher, faz-me falta ser criança, faz-me falta falar, faz-me falta o silêncio, fazem-me falta as pessoas, faz-me falta estar sozinha... Faz-me falta saber quem sou e o que estou a fazer aqui, nesta coisa a que chamam mundo, onde eu não consigo ver mais do que uma maneira de sofrimento e dor...
Agarro a almofada, enfio a minha cara o mais profundo possível, e choro, para que as lágrimas sejam absorvidas o mais depressa possível, para que ninguém as veja nem lhes sinta a presença... Oiço passos, recomponho-me como se nada se tivesse passado. Ponho um sorriso nos lábios, e digo boa noite. Só a minha mente continua no mesmo mundo, no MEU mundo.
Toda a gente está já a dormir. Não consigo. A minha cabeça dá voltas por caminhos nunca antes percorridos. Surgem-me imagens nunca antes vistas. Não são pesadelos, não! Os meus olhos continuam bem abertos, embora forçados a fechar pelas lágrimas que teimam em regressar. Mas não tento evitá-las. Ninguém me ouve... Ninguém me vê. Sou só eu e Deus. Falo com Ele. Choro, rio, conto-lhe as peripécias do meu dia... Sei que é O único que me ouve e não me julga...
Olho para o telemóvel para ver as horas. Tenho uma ou duas mensagens, que ignoro, pois já não tenho cabeça para responder. Passam das 2 horas... O sono não chega, para me levar para um mundo que eu sei que não passa de fantasia. Continuo no mundo real, a pensar em coisas reais. Tanta gente que queria ter ao pé de mim naquele momento... Tanta... No entanto, é sozinha que estou bem. Ninguém para me dizer "não chores!", e eu continuo a chorar... Qual é o problema? São só lágrimas... Não me fazem falta. Tenho mais de onde vieram essas... Muitas mais!
Penso nas pessoas com quem estive durante o dia... Penso se já estarão a dormir ou se, como eu, estarão acordadas a fazer qualquer coisa (possivelmente mais útil que aquilo que eu faço). Sinto falta de um carinho. De um beijo, de um abraço, ou de uma simples palavra de conforto. Não consigo mesmo dormir. Desistir, talvez? Não, não sou assim... Não vou desistir. Vou continuar a lutar... Afloram-me imagens de muitas pessoas que me fazem tanta falta... Que, estando tão perto, estão tão longe... Sinto vontade de desistir... Não só de dormir... Mas de tudo!
Olho mais uma vez para o telemóvel. Gostava que eles me dissessem alguma coisa. Gosto de ti, fazes-me falta... Mas pelos vistos sou só eu que sinto a falta deles... Não faz mal... É normal... Já estou habituada, e não me vou desabituar! É a vida, não é?... Passam das 3 horas... Quero dormir e esquecer tudo... Pego no meu peluche e abraço-o com toda a força. Sei que ele não me vai empurrar e dizer que não me quer por perto. Está na hora de ir... As lágrimas secaram, o filme acabou... Amanhã é um novo dia, vou esperar para ver o que acontece... Quem sabe eu estaria errada? Hum... Duvido... Este meu mundo vai permanecer igual... Sem que ninguém se aperceba que ele existe... Enfim... Tudo na vida tem um fim, e eu estou prestes a acabar... Não quero mais falar deles... São pessoas, são.... Pessoas... Não me deixam tomar as minhas decisões, não me deixam falar, não deixam que lhes diga o quanto gosto deles... Mas pronto... Um dia saberão... Um dia também eles estarão agarrados à almofada a pensar em mim... Até lá... Vou dormir... Se amanhã acordar... Quem sabe, se tudo não será diferente...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Saudades...

Sinto saudades dele... Sinto saudades de sair do bloco e tê-lo cá fora à espera para me dar um mega abraço, para me sussurrar "gosto muito de ti!". Sinto saudades do meu menino, daquela inocência, daqueles olhos verdes, daquela simpatia, daquela voz... Sinto saudades dele...
Às vezes ponho-me a pensar em como as coisas mudam... Ainda ontem ele era um menino, ainda ontem estava aqui, perto de mim, para me dar um abraço nos piores momentos... Agora... Longe. Longe de mim, longe dos meus olhos, longe do meu coração... Longe de tudo...
É outra pessoa, disso tenho a certeza... Aquele não é o meu menino. Aquele não é o rapaz que estava sempre pronto a deitar-se ao meu lado a falar-me sobre a vida, que estava sempre disposto a estar a falar comigo uma hora ao telemóvel... Nem sequer é aquele rapaz que me dizia "gosto muito de ti!". Essas palavras agora soam-me distantes. Ainda que ele esteja mesmo a dois centímetros de mim. Olho para as mãos dele, e já não vejo a mesma coisa que via antes, olho para a boca dele e já não vejo a mesma coisa que via antes... Até aqueles olhos verdes... Está tudo tão diferente... Tudo tão... mudado!
Sinto saudades... Gostava de o ter de novo aqui... Mas já não está... Nunca está... Telefono-lhe e responde-me "falamos mais tarde". Estou com ele e simplesmente faz de conta que sou só mais um adereço do cenário que o rodeia... Enfim... Não é mais aquele MEU menino... Não é mais aquele rapaz inocente que eu conheci... Não é mais aquele amigo que me deixava ajudar... Não é mais aquela pessoa divertida e companheira...
Sinto falta da cumplicidade que nos caracterizava tão bem... Sinto falta de tudo... Tudo! Porque é que teve de ser assim? Porque fugiste assim de mim? Porque te tornaste nisto? Porque não pode tudo voltar a ser como dantes? Tenho saudades, a sério que tenho...
Mas ele sabe que estou aqui para o que der e vier... Isto se ele quiser que eu continue a fazer parte da vida dele como tenho feito... Isto se ele quiser que continue a fazer o esforço que tenho feito... Porque na verdade, "eu gosto muito dele!". E digo isto, não da forma distante que o tenho sentido, mas sim como uma afirmação poderosa, como se nada a pudesse derrubar. Porque ele continua a ser o MEU menino... Porque ele continua a ser uma das peças mais importantes do puzzle da minha vida... E porque preciso dele... Preciso muito dele!

Adoro-te L.J.