quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Desta vez vou vencer!

Agarro o infinito. Parece tão verdadeiramente real, parece tão próximo, tão sólido e firme, e num pequeno instante se desfaz como uma névoa de sonho arrancada da mente de um poeta solitário. Julgas-me louca? Já tentaste sonhar? Melhor... Já tentaste sonhar com os olhos abertos? Algum dia conseguiste percepcionar a imensidão de loucura que exploras ao realizar um desejo? Nunca pensaste que ultrapassar as barreiras te desse tanto prazer, pois não? Que te fizesse tão bem...
Fechei-me na minha concha durante imenso tempo... Tempo suficiente para que pudesses observar todos os meus passos, todos os meus gestos, de modo a que pudesses apontar-me o dedo ao primeiro erro, à primeira lágrima em falso. Vias-me chorar, mas ao invés de te aproximares de mim, afastavas-te, como se eu sofresse de uma doença altamente contagiosa, como se pudesses ficar como eu... FRACA!
Repete lá... Fraca? É isso que pensas de mim, não é? Gostaste da sensação de poder? Gostaste de te sentir melhor do que eu? Gostaste de me ver cabisbaixa enquanto te vangloriavas com os sucessos da tua vida? Soube-te bem ouvir a dor da minha alma a desfalecer? Gozaste dessa tua vitória temporária? Sabes pelo menos que isso não foi tua glória? Não me digas... Iludiste-te com esse pensamento? Julgaste verdadeiramente que o mérito era teu? Que tu te estavas a elevar? Lamento, mas eu é que me deixei rebaixar. As minhas forças? Sugaste-as com o veneno da tua inveja, da tua cobiça... A dor que eu senti... Juro-te que preferia elaborar uma máquina diabólica que corroesse as minhas entranhas, enquanto me arrancava os olhos!
Mas isso agora não importa! Nada mais importa! Porque sabes? Para teu pesadelo, estou de volta. Deixei o fundo do poço para me rejubilar na mais alta torre, para te poder olhar do sítio onde eu mereço estar! Sim, porque mereço! E espero, muito, muito sinceramente que tenhas gozado muito bem os teus dias de glória. Porque o meu sorriso não é mais de inocência... Estragaste tudo, já viste? Conseguiste estragar tudo...
E agora... Agora, que Deus me perdoe, mas... Vemo-nos no Inferno!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ensinas tantas coisas!

Tens toda a razão Miguel...

«Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim...do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo...Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...isso vai doer tanto! "Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo...Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!»

Fernando Pessoa



Finalmente começo a entender o porquê das tuas saudades do passado. Porque sem as tristezas e felicidades de um passado, nunca haveria um presente.
Obrigada Miguel.