quarta-feira, 13 de abril de 2011

Descoberta

Fechei os olhos para tentar perceber a fragrância que estava a sentir há pouco mais de um minuto. Era bom, muito bom! Inicialmente julguei que era fruta madura. Cheirava-me a pêssegos e a morangos! Mas depois apercebi-me de que não podia ser fruta, pois o cheiro adocicado que me parecera inicialmente, dava agora lugar a um odor mais arrojado, mais forte! Talvez fossem flores! Ainda assim, não me parecia! Cheirava bem, sim! Mas não era um cheiro característico da Natureza, disso tinha a certeza! Mas o meu pensamento foi interrompido pela chegada de alguém, que me tapou o sol, e me proibiu daquele calor agradável durante momentos. Abri os olhos, contrariada, e estavas colada ao meu nariz, quase a beijar-me no queixo! És uma doida, és! Murmurei algumas palavras de desagrado por me teres interrompido aquele momento maravilhoso, mas logo perguntei com um sorriso "Tudo bem?". Contigo estava sempre tudo bem! Não conseguia entender como conseguias ter sempre a situação tão controlada, mas tinhas! "Quero mostrar-te uma coisa, anda!", disseste, sem responderes à minha pergunta. E eu fui, claro! A verdade é que tenho tamanha confiança em ti, que iria mesmo de olhos vendados. E mais uma vez, fechei os olhos. Pareceu-me passarem horas, mas na verdade, não tinham passado mais de 10 minutos. Onde tu nos tinhas levado! Mais uma vez, àquela casa abandonada que me trazia tantas más recordações! Não queria entrar, disse-to, aliás! Mas não quiseste saber! Puxaste-me, e quando dei por mim, lá estava eu, naquele local onde, há pouco mais de um ano, me havia sentido tão feliz!
"Repara nas paredes", disseste! "Não estão tão brancas? Parece mesmo que foram acabadas de pintar!". Olhei com atenção. Na verdade, estavam realmente muito brancas! E aquele cheiro... O cheiro que há pouco sentira, havia voltado. Fechei os olhos, e deixei-me conduzir por ele, enquanto ficaste entretida a mexer nos móveis cheios de pó. Entretanto, abri os olhos. E eis que... ele estava lá! Foi como se o tempo recuasse de repente, e tudo voltasse a ser como há pouco mais de um ano. Aquele cheiro, agora bem familiar... Era ele! Não havia partido, não me havia deixado! Eu sabia que tudo não tinha passado de um sonho! Olhei-o fixamente nos olhos, e uma lágrima escorreu-me pela face. Estendeu a mão para ma limpar, mas... Nada! Conseguia ver a sua mão na minha face, mas tudo era vazio! Nada! Apenas uma nuvem de partículas tão irreais, tão falsas! Mas o seu coração batia! Disso tenho a certeza! Eu ouvi! Eu senti! Com medo, toquei-lhe no peito, senti-o, mas imediatamente, desapareceu! Como se se tratasse de um nada... Sorri. Limpei as lágrimas, e corri abraçar-te. Olhavas para mim com cara de quem me achava maluca. Talvez estivesse! Talvez esteja! Mas para ter momentos daqueles, rezaria para ser maluca toda a vida!
"Um ser humano é feito de células e tecidos e órgãos e sangue e nervos. Isso é o hardware. Mas o ser humano é muito mais do que isso. É uma estrutura complexa que possui consciência, que ri, que chora, que pensa, que sofre, que canta, que sonha e que deseja. Ou seja, somos muito, muito mais do que a mera soma das partes que nos constituem. O nosso corpo é o hardware por onde passa o software da nossa consciência." J.R.S.

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