quinta-feira, 21 de abril de 2011

Volta!

Chegámos, finalmente! Tudo parecia diferente, tudo parecia novo! No entanto, o sentimento de que estávamos em casa apoderava-se de todos nós, apesar de não conhecermos ninguém, apesar de ninguém nos falar. Tínhamos o pressentimento de que todos nos olhavam de lado, de que todos queriam que nos fôssemos embora. Mas não queríamos ir, essa era a verdade! Já cansados do percurso, instalámo-nos no nosso canto, e começamos a montar aquele que, nas próximas 3 noites seria o nosso quarto. Que confusão! E lá começaram os gritos do guia chato! "Não é assim que se faz!" "Está tudo mal!" "Tirem isso e montem de novo!", e nós, stressados, fazíamos de conta que não ouvíamos, e montávamos tudo mal outra vez. Mas que bom era ver aquela cara de zangado, que sabíamos que nos ia perseguir até ao final.
O trabalho final era a melhor parte. Cansados como estávamos, apesar da vontade que tínhamos de nos deitar e dormir um bom sono, a vontade de conhecer tudo e todos era bem superior. E foi isso mesmo que fizemos. Percorremos todos os campos para encontrarmos os nossos companheiros, sentámo-nos nas mesas deles a rir, a contar as novidades, e tudo parecia bom! E tudo era bom!
Chegou a noite de Sábado, e lá fomos nós para a festa (como já era de esperar, claro). Saltámos, rimos, e foi aí que o Tecoree ficou a conhecer AROUCA! Ninguém gritava como nós! Ninguém ria como nós! Ninguém se atrevia a isso! Era demais! Foi uma noite em cheio, mas muitos de nós queriam era ir dormir, pois sabíamos que o dia seguinte não ia ser fácil. Adormecer nessa noite foi a tarefa mais complicada. Era verdade que todos estávamos excitados com a aventura que íamos viver. De tal forma que foi quase impossível evitar as gargalhadas, as canções e as reuniões em agrupamento. Dormir? É provável que tenhamos dormido muito pouco, mas no Domingo levantámo-nos cheios de força para começar. E começaram as provas! Lutámos muito para dar o nosso melhor, mas a verdade é que estávamos lá especialmente para nos divertirmos, e rimos à grande com a nossa ignorância em muitos aspectos. O nosso mastro que nem chegou a levantar, os nossos nós todos mal feitos, mas que até contaram alguma coisa. A nossa prova das pistas, em que, tenho a certeza, nos escapou muita coisa... Enfim... Tanta diversão que quase não podíamos chamar provas, porque acabámos por não provar nada de especial. Mas ao longo do dia, fomo-nos apercebendo de que já todo o Tecoree tinha bem presente o grupo de Arouca! E o nosso orgulho crescia mais e mais. O dia de Domingo foi perfeito, mas o cansaço era muito, e quando tomámos aquele banho de água gelada, sentimo-nos completamente vitoriosos, pois as nossas meias, t-shirts e calções começavam a sentir-se um pouco mal com os odores. Soube mesmo muito bem! E o sono que veio depois soube ainda melhor.
Chegou então Segunda-feira. O cansaço e a má disposição começavam a apoderar-se de nós, e tenho de confessar que disse algumas coisas das quais me arrependo, mas não consegui evitar. Sentia que as coisas não estavam a funcionar assim tão bem, e comecei a desanimar. Ainda assim, tentei esconde-lo aos máximo, e mostrar sempre um sorriso, mas por vezes não foi fácil, e uma lágrima ou outra teimavam em sair sem eu pedir. As provas de Segunda-feira conseguiram ser ainda mais divertidas! A chamada do Xaninho para o 112, a prova de Socorrismo, a prova do chuveiro... E durante estes acontecimentos, a nossa proximidade com outras equipas foi aumentando. Lisboa, sempre a gozar com a nossa pronúncia do Norte, e nós sempre a gozar com a deles, do Centro, acabou por se tornar uma equipa muito cúmplice, e isso foi provado no final, quando a nossa conversa terminou com trocas de Facebook e apoio a Lisboa e a Arouca. O fogo de Concelho foi um ponto crucial para percebermos o quão difícil estavam a ser as coisas. Desentendimentos, caras mal-humoradas, e até a chuva veio atrapalhar. Será que as outras pessoas também se estavam a aperceber destes problemas tão desnecessários?
Terça-feira chegou. Estava a acabar, e estávamos todos ansiosos por saber quem tinha ganho o primeiro Tecoree no nacional. Mas acima de tudo, a tristeza de termos de abandonar aquele pessoal que nos acompanhou ao longo de todos aqueles dias também crescia. Tínhamos de reconhecer que, apesar de todas as dificuldades, a nossa bagagem para casa iria mais cheia. Desta vez com aprendizagem, novas amizades, sorrisos e lágrimas . E uma coisa de que ninguém se pode esquecer! Saudades! Sim, porque as saudades começavam já a chegar, e ainda nem tinhamos saído dali. A formatura por aquipas foi mais unida do que nunca. Todos nos apoiávamos uns aos outros, e apesar da ansiedade para conhecer os vencedores, esse era já um mal menor.
E o grande vencedor é: ARISTIDES DE SOUSA MENDES, 1302, Arouca! Saltámos, gritámos, rimos, e foi impossível impedir as lágrimas para alguns de nós. Mal nós sabíamos que o verdadeiro prémio ainda estava para vir. Depois de todos estes festejos, fomos chamados por um dos animadores, o Rafa. E aquelas palavras que ele proferiu, essas sim, foram o maior prémio que alguém podia receber. Vão para sempre ficar gravadas na minha memória, assim como na de todos os Pioneiros de Arouca, tenho a certeza! Não sou capaz de as escrever aqui. Acho que sou invejosa de mais para partilhar este prémio com mais alguém. Quem as ouviu vai lembrar-se delas ainda daqui a muitos anos. E tenho a certeza que no próximo Tecoree, essas palavras vão ainda estar gravadas, e as lágrimas choradas este ano, ao ouvir aquelas palavras, vão voltar a reviver-se. Sempre e sempre, e cada vez mais intensamente! Obrigada Rafa, por nos teres dado o maior prémio que podíamos alguma vez ter recebido! O orgulho dentro de nós cresceu exponencialmente, e um sentimento inexplicável de querer ouvir de novo aquelas palavras aumentava a cada segundo. Algo que ficará para sempre gravado no currículo das nossas vidas.
E chegou o momento das despedidas. Os convites para visitarem a nossa Terra e nós as deles! Tanta coisa maravilhosa que ficou, e será recordada para sempre... Obrigada a todos por tudo! Obrigada Lisboa, obrigada Aveiro, obrigada Vila Real, obrigada Almada obrigada Algarve, obrigada Coimbra, obrigada Castelo Branco, (não posso mencionar todos, pois seriam dias), mas sobretudo, obrigada Idanha, por teres sido a nossa casa durante estes maravilhosos dias, por nos teres unido, por teres partilhado as belezas que apresentas, por nos teres proporcionado tantas e tantas coisas... Digo com o maior orgulho: OBRIGADA PIONEIROS!
É caso para dizer:
Sentes o espírito?


3 comentários:

  1. Olá Catarina.
    Mais um belo texto. Tens aqui um fã da tua escrita (blog 5 estrelas que acompanho há algum tempo. nunca comentei porque gosto tanto e escreves tão bem que fico sem palavras), para já não falar da tua voz.É mesmo preciso sentir o espírito e só quem esteve no tecoree o sente plenamente. Foi fantástico. Nós, os chefinhos, ganhamos o nosso prémio logo ao fim de umas horas, quando os nosso colegas nos vinham dar os parabéns por termos escuteiros do melhor. Rios de "baba" começaram a jorrar. Acho que foi um dos momentos alto da minha vida de escuteiro. A ti e aos outros o devo. Eternamente, obrigado.
    Ch Luis

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  2. Demorei muito tempo a responder, porque estive a tentar arranjar palavras decentes para responder a este comentário, mas sinceramente não consegui.
    Obrigada Chefe Luís.
    Nós sim, tivemos o maior orgulho em trabalhar convosco. O pessoal dizia-nos que os nossos chefes eram muito porreiros, e também nós precisávamos de uma babete naqueles momentos. Correu tudo muitíssimo bem, e também para nós foi uma das melhores experiências da vida. Esperamos que os que se seguem sejam tão bons como este, e que, mais uma vez, Portugal memorize Arouca como memorizou este ano. Porque não há maior orgulho do que ser reconhecido pelos nossos.
    Eu sim, estou muitíssimo grata, quer pelo empenho no Tecoree, quer por este comentário. Muito obrigada mesmo.
    Uma canhota amiga desta Pioneira,
    Catarina

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  3. Olá Catarina =)

    Quero que saibas que aquele momento em que vos chamei, também foi marcante para mim.
    Fico muito feliz por saber que o sentiram como eu o senti e se volta-se atrás, não retirava uma única palavra.

    Vocês não são melhores ou piores que ninguém...
    Vocês são especiais.

    Um forte abraço,
    Rafa

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