quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A mais pura inocência

"Olha p'ro céu, conta-me o que tu vês
Vá fecha os olhos e diz-me em que crês...
Estrelas imensas já brilham no céu
Vejo-as no teu olhar...

Vejo uma estrela, sempre que sorris
Oiço o bater do teu peito feliz
E agora sei porque a vida me quis
Vejo-o no teu olhar...
Vejo-o no teu olhar...

Mesmo na noite, eu vejo a luz
Na escuridão o amor reluz
Já nasceu em nós
Não sei o que posso fazer
E comecei assim a amar, vendo o teu olhar...

Vejo uma estrela, vai durar p'ra sempre
E vejo o mundo, para nós diferente
Tudo isto é bem mais do que eu me lembro
Mais do que eu sonhei, mais do que eu senti..."

Oiço o coração bater dentro do peito. Não sei quando vai parar, mas é para breve. Sinto-o. A vontade de adormecer como num conto de fadas. Mas nada... Não acontece nada. Mais uma vez me ponho a pensar na minha vida, e cada vez mais me apercebo de que realmente este não é o meu lugar. Sou de longe, de bem longe daqui. Não sei o nome do lugar, isso não sei. Mas imagino o ambiente. Tudo tão diferente daqui...
Pelo menos se eu tivesse asas como os passarinhos, poderia voar à procura daquilo que tanto quero encontrar. O meu lugar! Mas não tenho. Então... Terei de permanecer aqui. Viver uma vida que não é a minha, até finalmente encontrar a felicidade. Porque ela aqui não existe. E não se pode viver sem ela, pois não? Então... E se todo o humano tem felicidade, mais uma prova de que não sou humana.
Pergunto-me tantas vezes: "de onde vim?", "como nasci?", aquelas perguntas típicas das crianças do género "de onde vêem os bebés?". Eu sou um bocado assim. Um bebé chorão. É assim que me sinto. Só tenho pena de o meu tamanho não o disfarçar...

Sabiam que o céu na realidade não é azul? Como as pessoas se enganam, não é? Mas é verdade... Não vale a pena alimentar imaginações e sonhos, porque quando for preciso quebrá-los, mais tarde vai custar mais. O céu só é bonito para quem o imagina bonito. Sabem de que cor é o meu céu? Castanho... Puro castanho, com um sol cor-de-laranja fluorescente, daqueles que até fazem faísca aos olhos...
Sinto-me estranha. Sou estranha! Porque é que ninguém o reconhece? A realidade não deve ser escondida, mas sim divulgada!
Ninguém tem a coragem de me olhar nos olhos e me dizer aquilo que eu sou. Mas eu digo-o, não há problema! ESTRANHA!

Às vezes ponho-me a pensar, e as pessoas acham que sou invejosa, mas quem me dera que se tratasse disso. Ponho-me a olhar muito discretamente para os casalinhos de "namorados" que passam por mim na escola. Sou muito sincera: acho uma tremenda piada. É tudo muito lindo, não é? Muito românticos, já com planos de casamento... Mas é mesmo engraçado como o romance se acaba de um dia para o outro. A sério que não percebo! Num dia "Amo-te tanto!", no outro "Põe-te a andar, há para aí muito melhores que tu!". Enfim... Repugna-me este "amor" (até me dá pena chamar-lhe assim), que não sabe o que é... Um romance imaturo e não premeditado. Uma coisa sem controlo, que acaba quase por se tornar um vício. E atrás de uma, vem outra... E atrás de um vem outro... E andam nisto, como se fosse uma competição para escolher o maior "macho" ou a maior "fémea". Sinceramente... Namorar só para dizer que se namora? É moda agora! Em 50 pares de namorados, devem haver para aí 3 em que ambos gostem verdadeiramente um do outro... E depois andam assim... Numa roda viva de sofrimento e de brincadeiras com sentimentos, que num dia são uns, no outro dia já são outros... E acham que eu tenho inveja disso? ahah... vou muito para além disso! Inveja? Não sou de invejar uma coisa que me enoja! Sou mais de criticar, e acabo por ser mal interpretada, mas por mim, tudo bem! :) No dia em que eu encontrar um rapaz com quem viva uma situação dessas, prometo pela minha morte, que vou pedir desculpas a todos aqueles que estou a julgar... Mas no que depender de mim, nunca vou ter de o fazer... Primeiro, porque sou demasiado egoísta para partilhar a minha vida e o meu tempo com alguém... Depois, porque já dei muitas cambalhotas, e sei daquilo que estou a falar. Não o digo da boca para fora. Digo-o sim, porque tenho pena que uma coisa tão bonita como o amor esteja a ser minimizada e calcada por coisas como a vaidade e a luxúria.
Mas foi só um desabafo... Eu preocupo-me com a minha vida, e as outras pessoas preocupam-se com as delas... Quanto ao resto, elas lá sabem se querem continuar a viver acorrentadas a um falso amor, a um amor-droga, que as engana, as faz sentir bem, as vicia, mas no fundo, está a destruir a vida delas...
Mas lá está... Mais uma vez... É só uma opinião estúpida de uma pessoa doida...

2 comentários:

  1. Olá Catarina!
    Conheço bem a tua voz! Acho-a linda, pura...Já to disse!. A ti, pensava conhecer-te um bocadinho, (muito menos do que à tua voz é certo), mas conhecer-te minimamente!... Absolutamente nao! Não te conheço rigorosamente nada!..
    Aquilo que escreves, a forma como escreves, a intencidade, a autenticidade, a sinceridade que pões no que escreves, baralhou-me completamente!. Tens 16 anos (idade para ser minha neta) e eu..., retrógado, velho, preconceituoso, pensava... "Voz bonita sim senhor mas nada mais do que isso! O resto é música, discoteca, namorados, alcool, enfim... a imagem que os media nos fazem chegar dos adolescentes".
    Ontem, a partir do facebook cheguei ao teu blog e fiquei sem fala!. A sério...Não imaginava que 16 anos de vida dessem a alguém tanta lucidez, tanta riqueza interior, tanta vontade de descobrir sentimentos, emoções em si e nos outros!... Maluca tu Catarina!!! Serás por ventura tudo menos isso mas se é essa maluquice que te faz escrever, oxalá a mantenhas, porque tenho a certeza de que és uma MULHER que vai dar que falar pelos melhores motivos.

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  2. Muitíssimo obrigada! Nem tenho palavras para agradecer essas palavras tão doces e belas. Não sei se sou realmente uma mulher. Por enquanto sou apenas uma criança, ainda tenho muito que viver, muito que aprender, mas aos poucos começo a descobrir ensinamentos com pessoas com quem convivo, e que me dizem tanto...
    O senhor é uma dessas pessoas. Retrógado? Nunca! Basta observar a sua cumplicidade para comigo, a Sandra e pessoas como nós. Velho? Nem pensar! Velhos são os trapos! Sábio, isso sim! Preconceituoso? É normal. Quem não o é nos dias de hoje? Mas fico feliz por mudar um bocadinho esse pensamento acerca dos adolescentes. Nem todos são como os descrevem, e conheço alguns bons exemplos disso, :)
    Sim, considero-me maluca. Maluca pela vida, a VERDADEIRA vida, não a de discoteca, namorados e alcool, que a mim não me diz absolutamente nada. Prefiro apreciar as coisas realmente boas que ainda restam na vida. Prefiro ficar em casa a olhar pela janela, a ouvir os passarinhos cantar... Mas não deixo de ser uma adolescente normal. Tenho as minhas crises, é verdade! Mas faz parte, não é? :)
    Mais uma vez, muito obrigada! Sinto-me realmente lisonjeada por essas palavras. Já lhe disse e volto a repetir: Tenho uma grande admiração por si, e é sempre bom ouvir (neste caso, ler) palavras tão agradáveis vindas de si. Obrigada

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