domingo, 6 de fevereiro de 2011

Calor de viver

O dia anterior... É certo que já passou no tempo, mas continua a ocupar espaço no coração. Continuo sem perceber porque é que não tenho uma memória como a dos telemóveis, que dê para apagar ficheiros quando está muito cheia. Defeito de fabrico, penso... O ontem continua demasiado presente. Tão presente, que mal consigo pensar no hoje e no amanhã. Tão presente, que quase o consigo sentir. Tão presente, que quase sinto saudades de já ter passado. Tão presente que... a vontade de o abraçar cada vez mais se apodera de mim! Abraçar o passado, reviver momentos e sensações sem os quais não poderia ter crescido e chegado a este ponto. Ao ponto de querer recuar.
Mas ao mesmo tempo que uma força me impulsiona para o passado, uma outra, também muito forte, cada vez mais me puxa para o futuro. Um futuro incerto, sim, mas, quem sabe, agradável. Não sei, e sinceramente, o prazer está no mistério. Quero deixar as coisas correrem, mas há certos momentos em que dou por mim a pensar no passado. Ainda me sinto muito presa a ele. Gostava de esquecer, admito! Mas é uma força tão grande! Tão poderosa! Não sei se vou continuar a ter forças para enfrentar o presente, se cada vez que encaro elementos do meu passado, tudo isso me volta à mente... Se tudo isso volta a ser um sentimento presente. Basta um olhar para o céu. "Eu estive aqui!". Uma palavra a uma pessoa. "Já vivi tanto com ela...".
Há tantos sentimentos por detrás de uma vida... Muitos deles ainda a ser descobertos. Mas não há nada melhor que ouvir os sons da Natureza, e perceber que um sentimento não se resume a uma forma de nos sentirmos, mas também a uma forma de nos expressarmos. Tenho pena quando os sentimentos são mal interpretados. Sim, tenho... Mas... Se nem eu sei o que sinto, como posso transmitir aos outros aqueles sentimentos que eles querem ver em mim? Não consigo ser falsa ao ponto de inventar um. Não faz parte de mim. Mas a verdade.... A mais pura das realidades... É que me sinto como um corpo morto, sem sentimentos. Sem nada. Não sei o que sinto, não sei o que quero, não sei o que me move. Não sei decidir por mim, não sei dizer sim, nem sei dizer não. Sei apenas dizer talvez... Porque não sei o dia de amanhã, e o dia de ontem está ainda muito presente para poder encarar a vida no dia de hoje... Então... Precisava apenas de voar como um bando de pássaros, durante algum tempo. Voar ao sabor do vento, sentir o verdadeiro sabor da liberdade. Mas não posso controlar a minha vida dessa maneira. Tenho de ter paciência, como todos me dizem. Lá a terei... Não por vontade, mas porque para viver neste mundo (que não é o meu), preciso dela para sobreviver...


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