quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mãe

Tenho muitos amigos, sim... Amigos, como quem diz... Pessoas com quem me dou muito bem. Gosto de todos eles. São pessoas que estão ao meu lado quando preciso, que me dão apoio, que me arrancam um sorriso quando estou triste, que me secam as lágrimas ou me dizem: chora, chorar faz bem. Esses verdadeiros amigos, se calhar consigo contá-los pelos dedos. Mas são amigos de verdade. Estão lá... Até irem embora... Quando vão para suas casas, têm as suas vidas, os seus próprios problemas, e, como é natural, eu sou um mal menor... Mas há pelo menos duas pessoas nas nossas vidas ao qual isso não acontece: os nossos pais. Onde quer que estejam, estão a pensar "onde será que eles estão? será que estão bem? será que precisam de mim?". Enquanto que nós, estando com os amigos, praticamente nos esquecemos que eles existem... Estamos bem, felizes, e nem nos lembramos que somos a prioridade deles. E depois... Chegamos a casa, cansados das aulas ou de outra coisa qualquer e eles perguntam-nos "então, como correu a escola?", e eu, pelo menos, sou capaz de responder "agora não, estou cansada!". E eles ficam a olhar para mim, com cara de "bem, não vou estar a insistir porque se calhar está mesmo cansada". Mas na verdade, às vezes, é só uma desculpa para não estarmos a ouvi-los, e nem sequer nos lembramos que eles, eles sim, estiveram o dia todo a pensar em nós... Somos uns pobres e mal agradecidos. Pessoas que fazem tudo por nós, e nós, damos-lhes assim um pontapé, sentindo que temos coisas mais importantes para fazer...
Ontem pus-me a pensar nesta situação... A minha mãe, cansada de trabalhar, chegou a casa ao meio dia, pois eu, preguiçosa como sempre, ainda não tinha feito nada, e foi fazer-nos o almoço, e ela, mal teve tempo para almoçar... Nem me dei ao trabalho de agradecer. Simplesmente perguntei: o almoço já está pronto?... E ela, atarefada, foi estender a roupa, (roupa que eu também visto, mas nunca me dou ao trabalho de ser eu a lavá-la e pô-la a secar), e comeu à pressa um prato de sopa que tinha sobrado da noite anterior, porque nem teve tempo de esperar pelo almoço. Depois, despediu-se de nós com um beijo, e disse "até logo". Mas eu estava chateada com qualquer coisa que tinha acontecido e nem sequer lhe respondi...
À noite, depois de um dia de trabalho, chegou a casa e foi fazer o jantar, enquanto eu via um filme. Entretanto, o jantar já estava pronto, e ela chamou para jantar. Como o filme ainda não tinha acabado, gritei "JÁ VOU!". Ela voltou a chamar-me mais umas 3 ou 4 vezes, mas eu continuava a gritar "JÁ VOU!". Até que a situação já não dava para suportar mais e ela veio cá acima ao meu quarto e disse-me "Catarina, vai imediatamente para baixo que o comer já está feito, e está a arrefecer." e eu, estúpida e parva como sempre, respondi-lhe aos berros "NEM POSSO ACABAR DE VER O FILME, PORRA!" E lá fui pelas escadas abaixo, a chorar e a resmungar! A minha mãe, triste com aquela situação, disse-nos "Comam que eu vou para cima!" Senti-me completamente culpada, mas já era tarde demais! Mais uma vez, por uma coisa que podia perfeitamente ter sido evitada, fiz sofrer a pessoa que mais amo no mundo inteiro!
Como é que um filho pode ser tão ingrato? Às vezes esquecemo-nos que só temos uma mãe, e que tudo o que ela diz ou faz é só para o nosso bem. Porque está sempre a pensar em nós, sempre! Faz tudo e dá-nos tudo o que pode. E qual é a retribuição? Gritos, choros, zangas.... Senti-me e continuo a sentir-me a pessoa mais estúpida à face da Terra! Eu adoro a minha mãe, mas estamos sempre a chocar uma com a outra. Eu sei que ela só quer o meu bem, e gostava de poder oferecer-lhe mais, mas sou tão estúpida que nem isso consigo!
Considero a minha mãe a melhor mãe do mundo! Porque ela sim, está sempre aqui, sempre a pensar em mim, sempre pronta a ajudar, independentemente das circunstâncias... Os meus pais são o meu maior tesouro, e enquanto eu não abrir os olhos e meter isso na minha cabeça, nunca vou conseguir ultrapassar esta fase de maluqueira que invade o meu cérebro. A minha mãe sempre a dar-me conselhos, que, por vezes, me entram por um ouvido e saem por outro...
Sou uma ingrata e uma estúpida, porque quem dera a muitos terem uma mãe igual a minha. Mas ela é MINHA! E não estou disposta a partilhá-la com ninguém!
Adoro-te mãe! <3

2 comentários:

  1. Amiga Catarina...
    Este teu desabafo comoveu-me bastante.
    A cada linha que avançava nesse teu texto, surgiam na minha memória inúmeros momentos muito parecidos com os que descreveste passados com a minha mãe. Diria que é inevitável acontecerem.
    Onde quer que esteja a tua mãe no dia de hoje, estou certo que continuará a pensar "Onde estará a Catarina? Será que está bem?"
    Sabes... Por mais que queira, nunca serei "mãe". Mas sou pai, e talvez seja o que de mais parecido existe com o "ser mãe"... E aprendi a dar muito mais valor a muitas das "pequenas" coisas da vida.
    O tempo passado em frente à tv ou na companhia dos videojogos que tanto gosto tem diminuído drasticamente em detrimento daquele que ocupo a aspirar a casa, a estender roupa ou a passá-la a ferro. Mas sinto-me reconfortado quando a Odete chega a casa e pode ficar sentada no sofá um bocadinho mais com a Rita e comigo. E isso não tem preço.
    Se calhar, quando a tua mãe chegasse hoje a casa, ia ficar contente de ver uma roupa passadinha a ferro ou meia-dúzia de batatas já descascadinhas para adiantar o jantar... Eheheh!
    Mas talvez fique ainda mais contente se em vez de tudo isso lhe dispensares apenas um abraço. Assim, sem mais...
    Disse um dia alguém: "Durante toda a minha vida procurei a Deus e finalmente, quando o encontrei, descobri que Ele é que já estava à minha espera".
    Pois muito bem... As mães serão talvez aquilo que temos que se parece mais com Deus =D

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