quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Fora de mim

Hoje acordei fora de mim.
Nem mesmo o vento, que eu sabia que batia em mim, pois via o meu cabelo abanar... Nem mesmo esse me batia com força suficiente para que o sentisse...
Palpei o ar a minha volta, mas por incrível, escorregou-me das mãos... Não o senti... E não me senti... E não me sinto.
E o nó na garganta continua a apertar-me de tal forma que quase não me deixa respirar. E o aperto no estômago permanece com tal intensidade que a comida que chega lá quase se sente incomodada, e com vontade de sair. E os olhos continuam com vontade de derramar estas lágrimas amargas que se acumulam cá dentro.
Não posso controlar. É nisto que penso... Não posso controlar a minha própria vida, de forma a que a sinta verdadeiramente minha. Não posso desenhá-la a meu gosto, com as minhas cores favoritas, com um sol radioso e umas flores rosa e vermelhas. Não posso pegar nas rédeas e determinar a velocidade do animal que a leva ao seu destino. Não posso... E no entanto não consigo deixar de o querer... Não consigo deixar de desejar que o que é meu seja só meu. Única e simplesmente, e para sempre. Não consigo deixar de pensar que podia ganhar asas e voar para qualquer sítio que me fizesse ver a realidade, que me fizesse guardar o horizonte que prende tudo aquilo que tenta escapar de mim... Preciso de semi-cerrar os dentes, fechar os punhos e fechar os olhos com muita força. E vencer-me a mim própria... E mostrar-me que não é tudo como eu quero, mas que alguma coisa pode querer que seja de outra forma. E que o que tiver de acontecer, acontecerá. Porque o futuro não tarda. E não há nada mais justo do que ele.
Hoje acordei... E estava fora de mim.
Agora vou dormir. E encontrar-me. Porque não sei como vou acordar amanhã. Talvez acorde fora de mim...

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