quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Às vezes dói...

Já esmurrei joelhos, dei cabeçadas em portas, cortei-me, e nunca doeu tanto...
Já espetei espinhos, fui mordida por bichos ou atacada por plantas bravas, e nunca doeu tanto...
Já caí, pontapeei pedras, chapei na água e nunca doeu tanto...
Já tirei dentes, torci tornozelos, tive unhas encravadas, e nunca doeu tanto...
Já estive enjoada, vomitei, e nunca doeu tanto...
Já tive enxaquecas, dores de barriga, dores nos músculos, mas nunca doeu tanto...
Como esta dor fininha no coração. Que preenche todos os espaços do meu corpo que não estão já preenchidos por outra coisa qualquer. É uma dor persistente, como se alguém que há algum tempo me espetou um arame no coração, passasse por lá de vez em quando para avivar a ferida. Para evitar que esta cicatrize, e para que eu me lembre que ela está lá. E dói tanto... Dói tanto querer tudo de toda a gente. Dói tanto sentir as coisas de forma tão intensa... Dói ser assim... E o pior é que não sei ser de outro jeito... Simplesmente não sei... Quero tudo. Quero sentir tudo. Quero querer tudo. E quero ser de um jeito que não queira. Quero poder dizer que estou bem, e estar mesmo. E às vezes não posso. E quero poder. Quero que não doa mais. Porque já doeu demais. Quero apenas que passe. Ou que continue, mas que não doa deste jeito. Dói de um jeito...

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