domingo, 1 de junho de 2014

Apetece-me

Apetece-me sair, correr no meio do campo, atirar areia para os olhos, construir castelos de lama e bolos com pozinhos de terra. Apetece-me pintar sem medida, sujar a roupa, fazer bolas de sabão, andar descalça no chão, comer um gelado e lambuzar a cara. Apetece-me aprender a ler, a escrever, aprender as cores, fazer jogos no tapete do infantário. Apetece-me andar de baloiço, brincar com bonecas, despentear as tranças que a minha avó me fez de manhã. Apetece-me fazer birra porque não gosto da sopa, apetece-me dormir a sesta no final de almoço com o meu avô. Apetece-me fazer bem-me-quer com qualquer uma flor que apanho no campo. Apetece-me desenhar a minha casa, um sol gigante no canto da folha, daqueles com boca, uma árvore pequenina e umas flores gigantes, uns pássaros em V e a minha família sorridente e de mão dada. Apetece-me transpirar de tanto brincar, jogar à bola com os rapazes, fazer espantalhos para o Carnaval. Apetece-me vestir aquelas roupas lindas e pequeninas. Apetece-me colo. Apetece-me não saber o que é a vida. Apetece-me olhar à minha volta e tudo me parecer estranho. Apetece-me rir quando choro e chorar de tanto rir. Apetece-me pronunciar mal as palavras e ser corrigida com um sorriso no rosto. Apetece-me não entender quando uma criança é diferente de mim. Apetece-me fazer asneiras e fazer cara de anjinho pra ninguém perceber. Apetece-me atirar-me para os braços de alguém, e desatar aos abraços e aos beijinhos. Apetece-me fazer presentes lindos para o Dia da Mãe e do Pai. Apetece-me não estar a escrever este texto... Porque não sei escrever... Apetece-me voltar. Apetece-me tanto...

Sem comentários:

Enviar um comentário