quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Conto de fadas

O porquê de nos iludirmos com o mundo imaginário é um facto inexplicável. A realidade é que queremos iludir-nos. Sim, porque nada seria melhor que podermos escapar-nos de vez em quando deste mundo que nos traz tanta e tanta dor...Encontrar um refúgio perdido entre o nenhures e coisa nenhuma... Um sítio onde a perfeição estivesse tão perto quanto levantarmo-nos e pegar o comando da televisão. Onde pudéssemos correr até pingar gotas de suor, gritar até ficarmos roucos, chorar até secar as lágrimas, sentir... Amar! Sim, sobretudo amar com tanta força que tivéssemos a certeza que nunca iria acabar! Sem sofrimentos, sem angústias, sem mágoas... Simplesmente viver até à exaustão! Não ter medo do "intensamente" ou do improviso. Agir sem pensar, sem medir as consequências... E esta nostalgia ataca sempre nas piores situações. Porque não posso simplesmente ser eu! Porque esta vida não me permite viver como eu quero! Porque não posso por uma mochila às costas ser feliz por aí... Por tudo isso!
E vejo todos estes filmes de contos de fadas... E sonho cada vez mais alto. Para quê? Para no fim descobrir que tudo não passa de nada mais que isso mesmo: um filme de contos de fadas... E tudo volta... A vontade de fazer parte do meu próprio filme, de encenar o meu próprio guião, de escolher as minhas próprias personagens... Não posso! Não tenho nada que me dê esse poder, nada! E quero sair daqui, fugir! Mais uma coisa que não posso... O que é que eu posso, afinal? Resignar-me a esta vulgaridade do dia-a-dia que escolheram para mim... Ultrapassar um dia de cada vez sem que nada me aqueça o coração ou ponha o estômago aos saltos... E mais um dia, e outro... E nada! Tudo se resume a um grande nada...

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