domingo, 7 de outubro de 2012

Medo de viver


“E ali, naquela rua imunda, o seu corpo tilintava como um efémero cristal de um candeeiro antigo, e cada vez que sentia o corpo dele no dela, uma lágrima transparente escorria-lhe pelo rosto trespassando o peito molhado de suor, e rapidamente alcançando o mais infinito dos seus sentimentos. Já não era amor, mas ódio por nunca ter quebrado aquela cápsula de medo que a separava da felicidade.”
O medo. Aquele sentimento abstrato que a mão se esforça por alcançar, com o simples propósito de empurrar para longe. Para longe da vista e do coração. Mas a realidade? A realidade é que este medo não pode, nem deve ser equiparado à angústia ou ao sofrimento. Este medo é o item do nosso cérebro com maior capacidade para se instalar no nosso corpo de pedra e cal, de nos fazer viver cada segundo da nossa mísera vida sem saber o que esperar do instante a seguir! Este medo que nos viola a alma e nos persegue a sombra até ao infinito... Por quê chamá-lo de medo? Se tantas e tantas vezes este assume um nome próprio... Poderia chamar-lhe João, ou António, ou até mesmo Clara ou Maria... Agora... Medo? Não, esse não me parece um bom nome. Não o é, definitivamente! Só faz o sentimento parecer ainda mais ambíguo, mais traiçoeiro, e a mim mais impotente! E volta aquela raiva de não poder ter tudo ao meu alcance, de não poder controlar tudo... De não saber o que fazer a seguir... De não saber se posso ou não confiar em ti! E por muito que implore ao meu subconsciente para que me deixe agir, ele parece não se importar minimamente com a minha opinião! E eu quero avançar, acredita que quero! Quero dar mais um passo no meu futuro... Mas o medo.. Ai o medo... Podes até pensar que estou a exagerar, mas basta-te olhares com muita, muita atenção, e verás a profundidade do buraco no meu coração... Não é brincadeira, isso eu posso jurar! Só te peço que me entendas, que possas, mesmo assim, ficar ao meu lado! Mas medo... Medo eu vou continuar a ter. Perdoa-me!

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